Governo Lula quer abrir novos concursos para repor perdas dos últimos anos

Segundo ministra Esther Dweck, há 80 mil pessoas a menos, perda superior a 10%. Embora não haja recursos para cobrir tudo, ideia é melhorar patamar ao longo da atual gestão

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A necessidade de repor servidores para fortalecer e aperfeiçoar as estruturas públicas deverá levar à abertura de novos concursos por parte do governo federal neste ano. Até o momento, foram feitos três anúncios, que correspondem à abertura de 8.200 vagas. O plano da ministra Esther Dweck, de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, é disponibilizar outras 10 mil vagas e tentar antecipar parte do cronograma traçado para o próximo ano. 

A informação foi dada em entrevista concedida à Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (24). A antecipação desses planos tem o objetivo de dar conta das necessidades do governo Lula — se o concurso for feito apenas no ano que vem, os aprovados só ingressarão em 2025, um ano antes do término da gestão atual. 

Para ampliar as vagas previstas, disse, ainda é preciso tratar o assunto com a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Esther afirmou, porém, acreditar que não vai faltar recurso para a reposição de pessoal. As vagas já anunciadas resultarão num aporte anual de R$ 1,5 bilhão. 

Leia também: Governo Lula autoriza 14 concursos que somam mais de 2 mil vagas

Segundo a ministra, “hoje, são 80 mil pessoas a menos do que havia em 2016. É uma perda superior a 10%”. Ela acrescentou que não há recurso para cobrir toda essa perda, mas disse achar que será feita uma recomposição em “patamar razoável ao longo do mandato. Vai ser uma coisa em ondas. Uns anos mais, outros, menos”. 

Esther destacou, ainda, que dois fatores principais contribuíram para a queda no número de servidores. “A questão é que ocorreram dois processos: a falta de concurso, que por si só reduz a entrada de novas pessoas, e a reforma da Previdência, em 2019, que fez muita gente acelerar a aposentadoria”, disse. Além disso, houve perda de pessoal para o setor privado e o próprio desmonte em determinadas áreas durante o governo Bolsonaro. “Mas não foi só falta de gente. Não tinha dinheiro. Muitas áreas ficaram sem orçamento”, afirmou. 

A ministra disse, ainda, que está sendo estudada a ampliação no número de cidades onde ocorrem os concursos, para além das capitais, a fim de “pulverizar o acesso”, o que deverá constar num projeto de lei sobre os concursos. 

Ela também destacou que o governo espera poder aplicar a lei de cotas nos concursos e explicou que foi feito um manual, a ser lançado nesta semana, cujo objetivo é explicar o que é ser servidor público. “Muitas pessoas entram no serviço público porque buscam a estabilidade ou um salário melhor. Mas a gente quer atrair pessoas que entendam que vão fazer uma carreira, ter compromisso com a população, servir o cidadão”, apontou.

(PL)

Autor