Jandira revela existência de ‘pedras preciosas secretas’ de Jair e Michelle

Presentes recebidos durante a campanha não foram cadastrados e serão alvo de investigação na comissão que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro

Deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), faz revelação na CPMI do Golpe. Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) revelou nesta terça-feira (1º), na CPMI dos Atos Golpistas, um fato muito grave: segundo dados da  Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no dia 26 de outubro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro receberam, respectivamente, um envelope e uma caixa contendo pedras preciosas. Os presentes, porém, não constam na lista de 46 páginas e 1.055 itens recebidos durante o mandato de Bolsonaro. A razão: em troca de e-mails analisados pela CPMI, auxiliares do ex-presidente dizem que as pedras não deveriam ser cadastradas, e sim entregues em mãos ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens e braço direito de Bolsonaro.

Para a deputada, o fato em si justifica a convocação, e quebra de sigilo bancário de Jair e Michelle Bolsonaro, além de outros auxiliares do ex-presidente, e também uma nova oitiva de Mauro Cid, cujas movimentações milionárias em suas contas bancárias não condizem com o salário que recebia.

Jandira lembra que o objetivo da Comissão é chegar aos mandantes e financiadores do processo golpista que resultou nos atos de 8 de janeiro, e que teve, de acordo com relatório da Abin, dirigentes das principais associações de garimpo como financiadores das manifestações de apoio a Bolsonaro em novembro e dezembro de 2022 e também no 8 de janeiro. Na reunião desta quarta, a deputada citou nominalmente os garimpeiros Roberto Katsuda e Henrique Laureano como alguns destes financiadores, de acordo com a Abin.

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“O relatório da Abin é preciso e cita nomes de empresários, de pessoas que são dirigentes das principais associações garimpeiras no país: Roberto Katsuda e Enric Laureano, além de outros tantos. E mostra também que a participação de grupos econômicos no Rio de Janeiro são os mesmos que vieram e financiaram as manifestações de apoio a Bolsonaro em novembro e dezembro de 2022. Isso está no relatório! E, dentre essas questões aqui do financiamento, quero compartilhar com a CPMI algo muito grave que nós achamos em meio a mil e-mails que chegaram à esta CPMI. No dia 27 de outubro – entre os ajudantes de ordem, e-mails, comunicados seguindo ordem do Sr. Mauro Cid -, foi guardado no cofre grande um envelope contendo pedras preciosas para o presidente e uma caixa de pedras preciosas para a primeira-dama, recebidos em Teófilo Otoni, ou seja, na campanha, em 26/10/2022, lá em Minas Gerais, na sua terra. Essas pedras nunca foram registradas nem como presente ao presidente da República e à primeira-dama, nem em lugar nenhum. Nós fomos olhar as 46 páginas dos 1.055 presentes recebidos e não constam essas pedras preciosas. E aqui foi dito: “Mauro Cid mandou dizer: as pedras não devem ser cadastradas [está no e-mail] e devem ser entregues em mãos para o Mauro Cid”, revelou.

Segundo Jandira, é preciso incluir no rol de investigação da CPMI sobre o financiamento do golpe. “De onde vêm essas pedras preciosas, se não do garimpo ilegal? De onde vêm as pedras preciosas que não são cadastradas pelo presidente da República? Isso faz parte da investigação. Por isso, eu requeri aqui a quebra de sigilo da Sra. Michelle; visto que a do Sr. Bolsonaro já tem requerimento”, explicou.