Deputados acionam MPF contra coronel Lawand

Para a líder do PCdoB na Câmara, Jandira Feghali, Lawand mentiu à CPMI, menosprezou o trabalho dos deputados e conspirou um golpe

Lawand em depoimento na CPMI. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O depoimento do coronel do Exército Jean Lawand Júnior à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, nesta terça-feira (27), rendeu uma notícia-crime contra o coronel do Exército no Ministério Público Federal (MPF) por falso testemunho. 

A ação, assinada pelos deputados Duarte Jr (PSB-MA), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Rogério Correia (PT-MG) e pastor Henrique (PSol-RJ), aponta que as declarações do militar durante a CPMI do Golpe apresentaram inconsistências e contradições em relação aos eventos investigados pelo colegiado.

“O coronel manipula seu discurso com o objetivo de tergiversar a ordem constitucional e encontrar subterfúgios para suas mentiras no âmbito da CPMI e se furtar da responsabilidade de dizer a verdade enquanto testemunha […] verifica-se que o denunciado reiteradamente faltou com a verdade perante deputados e senadores, ainda quando confrontado sobre a veracidade de suas falas. Em nenhum momento houve retratação para expor a verdade dos fatos”, afirmam os parlamentares no documento.

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Na sessão de terça-feira (27), o coronel defendeu a tese de que suas mensagens não incitavam um golpe de Estado, e que eram uma tentativa de persuadir os manifestantes golpistas a voltarem para suas casas.

Durante a sessão, até parlamentares bolsonaristas enfatizaram a subestimação que o coronel faz da CPMI com este argumento.

Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Lawand poderia até omitir alguma informação, mas não poderia mentir. “Não podemos engolir a sua versão. “O senhor conspirou um golpe de Estado no Brasil. Basta seguir a sequência de mensagens que o senhor encaminhou ao tenente Mauro Cid. O senhor pode não ter tido força para isso, mas tentou”, acusou a parlamentar durante a sessão.

Em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens da Presidência da República do governo Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, Lawand pede a Cid que solicite a Bolsonaro que “dê a ordem”.

“Cidão [referência a Mauro Cid], pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele [ex-presidente Bolsonaro] a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E pior, na Papuda, cara”, disse Lawand no dia 1º de dezembro de 2022.

Em resposta, o ex-ajudante de ordens disse que Bolsonaro não pode dar a ordem porque “ele não confia no ACE [Auto Comando do Exército]”. “Então ferrou. Vai ter que ser pelo povo mesmo”, concluiu Lawand.

Na justificativa apresentada à CPMI, o militar disse que a ideia dele era de que o então presidente Jair Bolsonaro pudesse “apaziguar” os ânimos do povo diante dos atos golpistas que pediam intervenção militar em frente aos quartéis e nas rodovias do país e resultaram na depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília.

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