Desmatamento cresce no Cerrado e diminui na Amazônia

Segundo Inpe, Cerrado teve aumento de 21% no desmatamento de janeiro a julho; Ministério do Meio Ambiente planeja ação para reduzir índice. Amazônia teve queda de 42,5% no período

Bioma Cerrado. Foto: Toninho Tavares/Agência Brasil

Enquanto o Brasil vem registrando quedas no desmatamento da Amazônia, no Cerrado a situação é inversa. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os alertas referentes a este bioma bateram recorde, com o aumento de 21% entre janeiro e julho. 

No período de agosto de 2022 a julho deste ano, mais de 6.300 quilômetros quadrados foram desmatados, a maior parte deles na região do Matopiba, que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

No último ano do mandato de Jair Bolsonaro, o desmatamento do Cerrado aumentou 25,3%. Ao todo, foram derrubados mais de 10 mil km² de vegetação nativa, maior área devastada em seis anos no bioma, também segundo dados do Inpe. 

No sentido oposto, a Amazônia teve queda de 42,5% nos alertas de desmatamento entre janeiro e julho de 2023. Entre agosto de 2022 e julho deste ano, o Deter emitiu alertas para uma área de 7.952 quilômetros quadrados. 

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Trata-se de uma redução considerável, quando comparado aos índices registrados sob o governo Bolsonaro. Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no período de 2019 a 2022 verificou-se um salto de 150% em relação ao quadriênio anterior e o Brasil contabilizou 6,6 milhões de hectares desmatados nos seis biomas brasileiros, o que corresponde a 1,4 vez o estado do Rio de Janeiro. O aumento foi verificado na Amazônia, Cerrado, Pantanal, Pampa e Caatinga — a única exceção foi a Mata Atlântica. Considerando somente 2022, Amazônia e Cerrado responderam por 90% da área desmatada. 

Uma diferença importante entre esses dois biomas, segundo explicaram especialistas à Agência Brasil é a reserva legal. Na Amazônia a área que deve ser preservada é de 80% da propriedade. No Cerrado, ao contrário, apenas 20% devem ser mantidos em pé. Por isso, o desmatamento do Cerrado é, em grande parte, autorizado, o que impede autuações por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

No entanto, o combate ao desmatamento no Cerrado está no radar do Ministério do Meio Ambiente — segundo o secretário-executivo João Paulo Capobianco, o governo trabalha para lançar em outubro um plano voltado para a preservação do bioma. 

Com agências