Redução de juros precisa ser maior, dizem lideranças políticas e empresarias

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o país está na direção certa. Gleisi Hoffman e Jandira Feghalli criticaram a política monetária de Campos Neto.

Em 21 de março/23, centrais sindicais protestaram contra juros altos em frente ao prédio do Banco Central, na Avenida Paulista. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Políticos e entidades de vários setores da economia se manifestaram após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir, nesta quarta (2), a taxa básica de juros para 13,25%.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou o corte de juros da Selic e disse que o país está na direção “certa”. “O corte de 0,50% na taxa básica de juros sinaliza que estamos na direção certa. Um avanço no sentido do crescimento econômico sustentável para todos”, disse o ministro.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), nas redes sociais, disse que o Banco Central entrou no ritmo do país. “Finalmente o Banco Central fez o L, entrou no ritmo do país de melhora dos índices econômicos. Como a mesma mão que ataca, tem que ser a mão que afaga, tenho que agradecer ao presidente Campos Neto. Ele virá ao Senado em um ambiente muito melhor do que se tivesse reduzido em apenas 0,25%”, disse o líder.

Já a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffman, criticou o fato do Brasil seguir com a maior taxa de juros do mundo.

“O corte de meio ponto na taxa Selic não muda o fato de q o BC segue impondo ao Brasil a maior taxa de juros do planeta. Já era pra ter reduzido a Selic, substancialmente, há muito tempo. Estamos pagando um preço muito alto pela atuação política do bolsonarista Campos Neto no BC. Manteve os juros na estratosfera apesar de todas as evidências de que envenenam a economia. O BC de Bolsonaro, Guedes e Campos Neto, derrotado por Lula nas urnas, está sabotando o desenvolvimento do país. Têm de ser responsabilizados”, publicou no Twitter.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também seguiu a mesma linha de Gleisi Hoffman. “É pouco, é muito pouco, frente os juros extorsivos praticados no Brasil. Mas é uma sinalização importante, particularmente se acenar com um ciclo prolongado de queda. O povo não aguenta mais esperar!”, disse Orlando.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) atentou ao fato de o Brasil seguir com os juros reais mais altos do mundo e criticou a política monetária do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Certamente, a redução sinaliza um estímulo a novos investimentos, mas ainda está longe do ideal, porque o Brasil segue com os juros reais mais altos do mundo, um entrave à retomada do crescimento, patrocinado pela política monetária perversa e rentista de Roberto Campos Neto. Precisamos de novas quedas para recuperar empregos e incentivar a atividade econômica. Já é um começo”, disse Feghali.

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Entidades comemoraram

Entidades de vários setores da economia comemoraram o início do ciclo de cortes na taxa Selic. O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, ressaltou que a redução do juros deve ter efeito positivo para o crédito e a inadimplência dos brasileiros.

“O prosseguimento do ciclo de flexibilização nas próximas reuniões do Copom deverá ter consequências positivas para o mercado de crédito e para a inadimplência”, disse Sidney em nota enviada à imprensa.

Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), a decisão do BC foi duplamente acertada, tanto em magnitude quanto no momento da economia do país.

“O corte se mostra correto, considerando, principalmente, as quedas nos índices de inflação e as perspectivas para os próximos anos, assim como a melhora da avaliação do Brasil em agências de classificação de risco”, disse em nota.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que considera acertada a decisão do BC. A entidade pede cortes maiores nas próximas reuniões porque avalia que os juros ainda estão em níveis contracionistas, que desestimulam a produção e o consumo.

“A decisão foi acertada, uma vez que não compromete o processo de combate à inflação e evita um desaquecimento maior da indústria e da economia. As expectativas de inflação têm passado por sucessivas revisões para baixo e a apreciação da taxa de câmbio, nos últimos meses, também representa mais um elemento positivo para esse cenário de controle da inflação”, avalia o presidente da CNI, Robson Andrade.

Já a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) saudou o corte, mas ressaltou que, por ora, a situação da indústria brasileira não se altera. “Não esperamos efeitos grandes. Só em seis meses, ou seja, no próximo ano”, afirmou Rocha à Folha de S.Paulo.

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