PGR deve investigar sobre pedras preciosas recebidas por Bolsonaro e Michelle

Parlamentares da CPMI pediram a investigação com o argumento de que o então presidente teria se “apropriado” de envelope de pedras preciosas

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e mais sete congressistas membros da CPMI do Golpe enviaram, nesta quinta-feira (3), à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação pedindo a investigação do recebimento de pedras preciosas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em outubro de 2022, em Teófilo Otoni (MG).

“Queremos que a PGR investigue indícios de improbidade administrativa e crimes contra a Administração Pública em torno das pedras preciosas recebidas por Jair e Michelle Bolsonaro no dia 26 de outubro de 2022 em Teófilo Otoni (MG). Solicitamos à Polícia Federal depoimentos de todos os envolvidos, além da colheita de provas e outras providências legais”, destaca Jandira.

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No documento, os parlamentares afirmam que a denúncia reforça a possibilidade de uma prática de ilícitos “aptos a caracterizar improbidade administrativa”. Os e-mails, que foram obtidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, apontam que os presentes não teriam sido cadastrados oficialmente.

“Nesse ponto, chama-se a atenção a ordem expressa para que as pedras preciosas não fossem cadastradas no acervo da União. À vista disso, é mister que se investigue qual a verdadeira motivação da entrega das pedras preciosas. (…) Logo, questiona-se: quem presenteou Jair Bolsonaro? Qual o motivo da recusa em cadastrar o presente?”, indagam os parlamentares na representação.

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Além de Jandira Feghali, assinam a representação os deputados federais Rogério Correa (PT-MG), Henrique Vieira (PSol-RJ), Duarte Jr. (PSB-MA) e Rubens Pereira Junior (PSB-MA), e os senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP), Fabiano Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO). Ainda serão apresentadas representações no mesmo âmbito ao Supremo Tribunal Federal, Tribunal de Contas da União e Polícia Federal.

O tema veio à tona na reunião da CPMI desta terça-feira (2), quando Jandira revelou, segundo dados da Abin, que no dia 26 de outubro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro receberam, respectivamente, um envelope e uma caixa contendo pedras preciosas. Os presentes, porém, não constam na lista de 46 páginas e 1.055 itens recebidos durante o mandato de Bolsonaro. A razão: em troca de e-mails analisados pela CPMI, auxiliares do ex-presidente dizem que as pedras não deveriam ser cadastradas, e sim entregues em mãos ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens e braço direito de Bolsonaro.

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