Planeta em chamas: julho registra novo mês mais quente na história

Ondas de calor intensas varrem o mundo. Segundo Sistema europeu Copernicus, temperaturas alarmantes atingem novos picos, destacando uma crise climática global.

Bombeiros tentam combater incêndio em Pumarejo de Tera, na Espanha (junho de 2022) | Foto: Cesar Manso/AFP

O mês de julho foi marcado por temperaturas extremas em várias partes do mundo, consolidando-se como o mês mais quente já registrado na história. O Sistema Copernicus, consórcio ambiental da União Europeia, confirmou que a temperatura em julho foi 0,33 grau Celsius maior do que a do recorde anterior, obtido no mesmo mês de 2019.

Estima-se que julho tem sido cerca de 1,5°C mais quente que a média de 1850-1900. O mês passado também foi marcado por ondas de calor e incêndios em todo o mundo, com temperaturas de 0,72 grau acima das médias recentes de julho entre 1991 e 2020.

De acordo com o secretário-geral da ONU, António Guterres, a humanidade saiu da era do aquecimento global para entrar na da “fervura global”. Oceanos e mares também são vítimas deste fenomeno: as temperaturas registadas à superfície do mar são anormalmente elevadas desde abril, e os níveis registrados em julho são inéditos.

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Fumaça dos incêndios em Quebec, um dos locais mais atingidos pelas chamas nos últimos meses | Foto: Daryann GAUTHIER/AFP

O recorde absoluto foi quebrado no último 30 de julho, com 20,96 graus. Ao longo do mês, a temperatura da superfície do mar ficou 0,51 grau acima da média (1991-2020). “Acabamos de testemunhar novos recordes para as temperaturas globais do ar e da superfície do oceano em julho”, disse Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço Europeu de Alterações Climáticas Copernicus (C3S).

“Esses recordes têm consequências terríveis para as populações e para o planeta, que estão expostos a eventos mais extremos, frequentes e intensos”, alertou.

Ondas de calor em todo Hemisfério Norte

O Hemisfério Norte experimentou ondas de calor em várias regiões, com destaque para o Sul da Europa e grande parte da Antártida. . O Sul da Europa, desde a Espanha até os Bálcãs, registou temperaturas excepcionalmente altas. A Sardenha atingiu uma máxima de 48°C, enquanto Palermo, na Sicília, anotou 47°C. A Grécia não escapou do calor, com temperaturas chegando a 46°C. No entanto, o Norte da Europa experimentou temperaturas mais próximas ou abaixo da média, criando contrastes climáticos impressionantes. Na Ásia, a China registrou sua temperatura mais alta já medida (52,2°C) e o Japão teve o julho mais quente desde 1898.

Bombeiros combatem incêndio próximo à vila de Vati, na Grécia | Foto: Spyros Bakalis/AFP

América do Sul e África aquecem

A América do Sul também sentiu o calor extremo, com temperaturas elevadas no Norte do Chile, Argentina, Uruguai e Sul do Brasil. Enquanto isso, a Antártida apresentou uma mistura de temperaturas acima e abaixo da média, indicando mudanças climáticas drásticas na região. Já o Norte e o Centro da África registraram temperaturas acima da média, com picos de até 49°C na Argélia e na Tunísia.

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Brasil: recorde de calor e impactos locais

Nem o Brasil escapou das altas temperaturas, registrando o julho mais quente em 62 anos. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) revelaram que a média de temperatura em todas as estações do país ficou 1°C acima da série histórica. As áreas mais sustentadas foram o sul da Amazônia, o Centro-Oeste e o Sul do Brasil.

Capitais como Porto Alegre, Campo Grande, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo e Aracaju enfrentam temperaturas acima das médias. Porto Alegre, por exemplo, experimentou temperaturas mínimas quase 2°C acima do histórico, atingindo 30°C em um dia de inverno. A região Nordeste também sentiu os efeitos, com Salvador superando as médias históricas de temperatura em 1°C na máxima e 1,3°C na mínima. A falta de chuvas exacerbou os problemas em algumas cidades, como Belo Horizonte e São Paulo, onde a estiagem se somou ao calor.

Especialistas alertam que as tendências de aumento de temperatura provavelmente continuarão nos próximos meses, com previsão de um aumento médio nas temperaturas médias de 1°C a 1,5°C, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. A influência do El Niño no Pacífico Equatorial também pode agravar ainda mais essa situação, intensificando os padrões climáticos extremos.

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O recorde de calor em julho de 2023 é mais um sinal alarmante dos efeitos devastadores do aquecimento global em todo o mundo. O aumento das temperaturas afetou não apenas os ecossistemas, mas também a segurança alimentar, os recursos hídricos e a saúde humana. O cenário de registros de calor reforça a necessidade de políticas de adaptação e mitigação para enfrentar os efeitos cada vez mais intensos do aquecimento global em diferentes regiões do mundo.

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com agências

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