Planeta registra o dia mais quente desde 1979
Alguns acordos climáticos foram firmados pelas potências mundiais, mas nenhum foi cumprido. Relatório da ONU evidencia que as mudanças climáticas atingem mais os pobres
Publicado 05/07/2023 12:42 | Editado 06/07/2023 08:13
A última segunda, dia 3 de julho de 2023, foi o dia mais quente já registrado no planeta Terra. Os dados são dos Centros Nacionais de Previsão Ambiental dos Estados Unidos, ligado à administração Oceânica e Atmosférica Nacional do país (NOAA, em inglês).
A temperatura média global atingiu 17,01°C superando o recorde de agosto de 2016 de 16,92°C. A série histórica começa em 1979. O recorde ainda precisa ser corroborado por outras fontes e medições, mas, com o verão começando no Hemisfério Norte, a expectativa é de que ele seja quebrado rapidamente. No início de junho, as temperaturas médias globais foram as mais altas já registradas nesse período, segundo o serviço europeu Copernicus.
O sul dos EUA tem sofrido intensa onda de calor nas últimas semanas. Na China, uma o calor tem sido mais duradouro que o normal com temperaturas acima de 35°C. Já o norte da África registrou temperaturas próximas a 50°C.
Até mesmo a Antártica, no inverno, registrou temperaturas anormalmente altas. A Base de Pesquisa Vernadsky, da Ucrânia, nas ilhas argentinas do continente branco, quebrou recentemente seu recorde de temperatura em julho, com 8,7°C.
Autoridades pelo mundo relataram nos últimos meses um aumento nas mortes relacionadas ao calor, uma vez que as temperaturas ultrapassaram 40°C em muitos lugares neste verão.
Na segunda, antes da divulgação do recorde pela NOAA, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), lançou o Relatório Síntese sobre Mudança Climática 2023, que traz à tona as perdas e danos que vem sendo causados pela mudança global do clima.
O IPCC alerta que os desastres naturais relacionados ao clima estão atingindo especialmente as pessoas mais vulneráveis e os ecossistemas mais frágeis, como os manguezais, áreas costeiras e semidesérticas.
A temperatura média mundial já subiu 1,1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais – uma consequência direta de mais de um século de queima de combustíveis fósseis, bem como do uso desordenado e insustentável de energia e do solo. A elevação da temperatura aumenta a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos.
O Painel também alerta que o aumento da temperatura média tende a causar o agravamento da insegurança alimentar e hídrica, em todo o mundo.
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Descumprimento dos acordos climáticos
O fato deveria alarmar as potências mundiais que não cumpriram os acordos firmados nas últimas décadas. Desde a Rio-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, uma série de conferências foram promovidas para estabelecer metas para frear o consumo do carbono e, consequentemente, diminuir o alcance do aquecimento global.
Em entrevista para o podcast Conversa com o Presidente, da EBC, o presidente Lula disse que os países ricos exigem, mas não cumprem acordos climáticos. “Não cumpriram o Protocolo de Kyoto, não cumpriram as decisões de Copenhage, não cumpriram as decisões da Rio [92] e não vão cumprir a questão do Acordo de Paris”, declarou Lula.
Esses acordos têm como objetivo geral combater as mudanças climáticas, reduzir as emissões de gases de efeito estufa, fortalecer a resiliência dos países diante dos impactos climáticos e promover uma transição para uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima.
O Acordo de Paris, o mais ambicioso deles, previa o compromisso dos países ricos em mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 para apoiar ações climáticas nos países em desenvolvimento, com uma meta de financiamento mais ambiciosa a partir de 2025.
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