Escolas técnicas entram em greve em SP contra rede paralela proposta por Tarcísio

Alunos e professores de 116 Etecs e Fatecs protestam contra proposta de escolas técnicas nas escolas regulares, e também contra arrocho salarial

Professores e servidores das Etecs e Fatecs pedem reajuste salarial, entre outros pontos Imagem: Divulgação/Sinteps

Professores e servidores de 116 Etecs (escolas técnicas) e Fatecs (faculdades de tecnologia) de São Paulo protestam desde segunda (7) e entraram em greve nesta terça-feira (8) por reajuste salarial, plano de carreira e contra uma proposta do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de criar uma rede paralela de ensino técnico no estado. Em reunião com a superintendente do Centro Paula Souza, Laura Laganá, que administra as escolas, não houve avanços na negociação, e os servidores decidiram manter a greve. Segundo o Sinteps (Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza), ela abriu a reunião dizendo que não tinha mais novidades, além do que havia sido conversado no encontro com os secretários de governo no último dia 3.

A categoria diz ainda que a greve é pela defesa do Centro Paula Souza, autarquia responsável pela rede de Etecs e Fatecs do estado. Eles afirmam que a estrutura corre risco de ser abandonada com a proposta do governo de criar um modelo paralelo de ensino técnico dentro das escolas estaduais regulares. O plano seria criar 100 mil vagas, que seriam administradas pela Secretaria Estadual da Educação. O Centro Paula Souza é vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Também alegam que a “possibilidade de uma rede paralela de ensino técnico – sem investimentos, sem estrutura laboratorial e sem contratação de professores habilitados – será um golpe de morte nas nossas Etecs”. Eles falam em sucateamento da estrutura, com dificuldades de contratação devido aos baixos salários.

A proposta é criticada também por especialistas e pelo Conselho Estadual de Educação. Eles dizem que o governo deveria priorizar a ampliação de matriculas na rede do Centro Paula Souza, que possui expertise de anos e tem a qualidade do ensino reconhecida em exames nacionais.

O Centro Paula Souza informa que há planos da gestão atual para continuar ampliando sua rede, sem informar o valor de investimento ou quantas novas matrículas pretendem abrir.

Na capital, um ato público de lançamento, no começo da tarde, reuniu cerca de mil pessoas (havia dezenas de unidades representadas) no campus da FATEC/SP, com participação de parlamentares, representantes de entidades sindicais e estudantis. Após um abraço simbólico no prédio histórico do campus, que o governador Tarcísio pretende “ceder” para uma universidade privada, os manifestantes saíram em passeata pela Avenida Tiradentes, rumo à administração do Centro.

Arrocho salarial

Os servidores dizem estar com perdas salariais acumuladas há anos e chamam de “aviltante” a proposta do governador, enviada para aprovação da Alesp (Assembleia Legislativa), de conceder 6% de reajuste para a categoria.

“A Alesp aprovou um reajuste de 50% nos salários do governador e de seus secretários, e também ao pessoal da segurança pública. É preciso que se faça justiça com os trabalhadores das Etecs e Fatecs, que se dedicam para manter a instituição entre as referências de qualidade na educação pública”, diz o Sinteps, sindicato da categoria.

Eles também exigem o pagamento imediato do bônus resultado, um benefício a que têm direito e não foi paga no ano passado. “Embora seja um direito da categoria, todo ano o governo manipula as datas a seu bel-prazer, pagando o bônus quando bem entende.”

Em nota, o Centro Paula Souza diz que a Bonificação por Resultados (BR), referente ao ano de 2022, será paga até outubro, podendo ser antecipada para setembro. Também disse que a gestão Tarcísio concedeu um reajuste acima da inflação para os servidores públicos.

Na quinta-feira (10), os grevistas farão uma nova assembleia.

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