Relatora da CPMI do Golpe diz que não poupará quem se esconde na farda

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) subiu o tom depois do depoimento explosivo de Walter Delgatti que declarou ter recebido pedido de Bolsonaro para invadir as urnas do TSE

Presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA); senador Randolfe Rodrigues e Eliziane Gama (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, diz que os militares que estiverem envolvidos nas ações serão investigados pela comissão.

“Investigaremos na CPMI e não pouparemos ninguém, inclusive, aqueles que se esconderam na farda para cometer atos golpistas. De recruta a general, ninguém será poupado”, disse a senadora.

A relatora subiu o tom depois do depoimento explosivo de Walter Delgatti que declarou ter recebido pedido de Bolsonaro para invadir as urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na ocasião, o ex-presidente encaminhou o hacker para o Ministério da Defesa para receber ajuda técnica.

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“Aos fatos: Delgatti diz na CPMI que teve cinco reuniões no Ministério Defesa a partir de agosto/2022. E que elaborou o relatório sobre as urnas. Fato concreto. Em 9 de novembro/22, o relatório das FFAAs foi entregue ao TSE. Eis aqui a prova”, diz a relatora ao publicar o relatório das Forças Armadas na sua rede social.

O documento tem a assinatura do coronel Marcelo Nogueira de Souza (Exército), coronel aviador Wagner Oliveira da Silva (Força Aérea), capitão de fragata Marcus Rogers Cavalcante Andrade (Marinha) e pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.

Ao UOL, a relatora negou nesta segunda-feira (28) que haja pressão das Forças Armadas para aliviar as punições de envolvidos nos atos.

“O militar que eventualmente participou, contribuiu, deverá de fato ser responsabilizado e essa é a uma meta, esse é um posicionamento que faremos aqui na apresentação de nosso relatório final”, disse.

Ofensiva

De acordo com O Globo, a cúpula da CPMI e o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), foram procurados pelo Ministério de Defesa e o comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, a fim de “preservar a instituição”, “individualizar as condutas” e não fazer generalizações que afetem a imagem do Exército.

Nos encontros, não houve pedido específico de blindagem a militares. O que estaria preocupando os militares são as convocações e pedido de quebra de sigilo.

Na lista de convocações estão mais três generais: o ex-ministro da Defesa Paulo Sergio, o ex-comandante do Exército Freire Gomes e o ex-gerente da Apex Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A relatora é autora de dois requerimentos considerados sensíveis para o Exército: as quebras de sigilos de Paulo Sérgio e Freire Gomes.

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