Advocacia do Senado dá aval para CPMI fechar acordo de delação com Mauro Cid

De acordo com a GloboNews, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro também avança para fazer um mesmo acordo com a Polícia Federal (PF)

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Em resposta à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, a Advocacia do Senado deu aval para que o colegiado proponha um acordo de delação premiada com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O questionamento foi feito pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), após o depoimento, neste mês, de Walter Delgatti que acusou o ex-presidente de lhe pedir para invadir as urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O hacker contou que foi levado até Bolsonaro pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) num encontro no Palácio da Alvorada onde Mauro Cid estava presente.

De acordo com a GloboNews, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro também avança para fazer um mesmo acordo com a Polícia Federal (PF). ). O blog da jornalista Andreia Sadi revelou também que Cid pode dar detalhes sobre o roteiro do golpe.

Leia mais: CPMI do Golpe trabalha para firmar acordo de delação com Mauro Cid

O parecer da Advocacia diz que as comissões parlamentares de inquérito podem tomar a iniciativa de propor acordos de delação premiada, mas eles devem ser corroborados pelo Ministério Público (MP), que é o titular da ação penal.

Cabe ao MP então apresentar o acordo às autoridades judiciais, que devem homologá-lo. É a mesma prerrogativa atribuída, por exemplo, aos delegados de polícia no comando de investigações policiais.

Assim, o órgão justifica esse entendimento a partir da chamada teoria dos poderes implícitos, estabelecida em jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não faria sentido despojar as CPIs da prerrogativa de se valer do estratégico meio de prova que é a colaboração premiada. Se a Constituição atribui determinada competência a entidade jurídica, deve ser reconhecida a esta entidade a possibilidade de se utilizar dos instrumentos jurídicos adequados e necessários para o regular exercício da competência que lhe foi atribuída”, diz o parecer da Advocacia.

O órgão diz ainda que a realização de acordo de colaboração premiada “enquanto meio de obtenção de prova trata-se de instrumento jurídico adequado e necessário para tanto, nos termos da definição esposada pelo STF”.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), integrante do colegiado, considerou uma inovação o processo sendo feito pela CPMI.

“Estamos fazendo uma movimentação inédita: obter uma delação premiada na CPMI. O depoimento de Mauro Cid é central. Faremos o percurso até o STF para garantir a sua colaboração em sessão reservada, na presença apenas do presidente e da relatora da CPMI, ao lado da Polícia Federal e de quem possa lhe garantir contrapartidas. Se o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro abrir o que sabe, daremos um salto quilométrico rumo aos nossos objetivos: descobrir os mandantes dos atos golpistas”, considerou a líder do PCdoB na Câmara.

Com informações da Agência Senado

Autor