Trabalhadores criticam aplicativos e ameaçam novo “breque dos apps”

Motoristas e entregadores reclamam da falta de perspectivas em pautas como saúde e segurança, transparência dos algoritmos e jornada de trabalho. Plataformas resistem em negociar uma regulação mais justa.

Os trabalhadores de aplicativos de transporte e entregas podem entrar em greve nacional no próximo dia 12 de setembro. A ameaça de um novo “breque dos apps” se deve à intransigência de empresas como Uber, 99, iFood e Rappi, que resistem em negociar uma regulação mais justa para os serviços mediados por plataformas.

Nesta terça-feira (29), acabou sem consenso a reunião do grupo de trabalho (o GT dos Aplicativos) formado por governo federal, empregadores e trabalhadores. Segundo Gilberto Carvalho, secretário nacional de Economia Popular e Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, 12 de setembro é justamente o prazo para apresentação de uma proposta de regulamentação.

Motoristas e entregadores são representados nas negociações por quatro federações (Febramoto, Fenamoto, Fenordeste e Fetramoto), o Conselho Nacional dos Sindicatos de Motoboys e Motoentregadores, a Frente Nacional dos Mototaxistas do Brasil e a Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativos. As entidades contam com o apoio de seis centrais sindicais (CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT). De acordo com a Febramoto, se as empresas não apresentarem contrapropostas, “haverá uma greve nacional” no dia 12, “paralisando todas as entregas feitas por aplicativos”.

Já as empresas vão à mesa do GT com a Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia, que inclui Uber, iFood, 99 e Amazon) e com o MID (Movimento Inovação Digital, que reúne Loggi, Rappi e também 99). Até o momento, as duas entidades se limitaram a melhorar as chamadas cláusulas econômicas, a exemplo da remuneração por hora efetivamente trabalhada.

A conversa entre as partes na reunião foi definida por Carvalho como “uma discussão muito acalorada, muito clara, muito franca”, que não conseguiu, porém, avançar em “ “pontos essenciais”. Os trabalhadores reclamam da falta de perspectivas em pautas como saúde e segurança, transparência dos algoritmos e jornada de trabalho.

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