General G. Dias diz na CPMI do Golpe que PM não cumpriu plano de ações

O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Lula afirmou que os golpistas deveriam ser impedidos de ingressar na Esplanada dos Ministérios

General G. Dias depõe na CPMI do Golpe (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Em depoimento nesta quinta-feira (31) para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, o general Gonçalves Dias disse que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não cumpriu o Protocolo de Ações Integradas (PAI) que poderiam evitar a invasão e depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes.

O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula afirmou que o PAI foi estabelecido numa reunião no dia 6 de janeiro para a qual o GSI não foi convidado.

“Ele [PAI] determinava que deveria haver um bloqueio em revista dos manifestantes na altura do Buraco do Tatu, onde fica a rodoviária do Plano Piloto. É a partir dali que o Eixo Monumental deixa de ser uma via eminentemente dos Poderes de Brasília e passa a se tornar a Esplanada dos Ministérios”, explicou.

De acordo com ele, o PAI também previa como responsabilidade da PM que nenhum manifestante ou veículo atingisse a Praça dos Três Poderes.

Leia mais: Advocacia do Senado dá aval para CPMI fechar acordo de delação com Mauro Cid

“O bloqueio do Buraco do Tatu foi feito. Entretanto, a revista prevista para ocorrer lá não foi feita. Os manifestantes romperam com facilidade o cordão de isolamento da PM e impediram a revista. Deveria existir depois daquele ponto um bloqueio total que impedisse o acesso à Alameda das Bandeiras e à Praça dos Três Poderes. Esse bloqueio aparentemente não existiu ou foi tênue, inexpressivo”, revelou o general.

A partir daí, G. Dias contou que viu os manifestantes descendo do Ministério da Justiça para o Palácio do Planalto.

“Ao ultrapassarem a área do estacionamento oeste do Planalto eles encontraram uma tropa pequena do Batalhão de Guarda Presidencial. Porém, logo furaram esse bloqueio na avenida, na frente do palácio, a resistência também da PM. A partir de então passaram a agir como se tivessem uma coordenação e atuaram como se soubessem como deviam fazer para cercar o palácio”, afirmou.

O ex-ministro disse que assistiu a tudo do térreo do Palácio do Planalto. “Claro que tive ímpetos de reagir, de confrontar. Contudo, readquirindo o autocontrole, controlei-me, porque tinha que cumprir a minha missão: não deixar que defasassem o núcleo central do poder palaciano, o gabinete do Presidente da República, que fica no terceiro andar”, contou.

Plano Escudo

Com base no depoimento de G. Dias, a relatora da comissão, Eliziane Gama (PSD-MA), explicou que, além do PAI, deveria haver um plano escudo para evitar que os manifestantes chegassem ao Palácio do Planalto. No entanto, uma hora antes da invasão não se encontrava um único militar no local.

“Determinei que se mantivesse ativo desde o dia 5 de janeiro, cuja execução confirmei à tarde do dia 6 de janeiro. Todas essas medidas nos davam a segurança de que os planejamentos de segurança e proteção que haviam sido planejados estavam executados e seriam cumpridos, não existindo a possibilidade de um evento de magnitude do dia 8 de janeiro”, disse o general sobre o escudo.

Câmeras

Sobre as imagens das câmeras internas do palácio, divulgadas pela imprensa mostrando o general interagindo com os golpistas, o general explicou que a ideia era evacuar o prédio o mais rápido possível, evitando mortos e feridos.

Sobre as imagens, ele falou que encontrou três pessoas e indicou a elas o acesso à escada que levaria ao segundo andar, onde as prisões dos manifestantes estavam sendo feitas. G. Dias classificou a divulgação do material das câmeras internas como “imprecisa e desconexa”.

O ex-ministro-chefe do GSI também negou que tenha mandado adulterar documentos ou retirar o seu nome do relatório enviado ao Senado com informações sobre o 8 de janeiro.

Ele argumentou que a determinação foi pela padronização de informações, já que as mensagens de alerta sobre os ataques tinham sido trocadas em grupos institucionais e não pelo telefone particular dele.

Autor