CPMI na cola de quem pagou o 8/1 e foi financiado pelo governo Bolsonaro

A relatora da comissão, Eliziane Gama (PSD-MA), disse que existem empresas financiadoras dos atos golpistas que receberam empréstimos de bancos públicos

A relatora Eliziane Gama (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as ações golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, já tem uma lista de empresas que receberam financiamento do governo Bolsonaro e custearam estruturas usadas pelos golpistas que invadiram e depredaram os prédios da Praça dos Três Poderes.

A relatora da comissão, Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou nesta quinta-feira (31) ao programa “É Notícia” da Rede TV”, comandando pelo jornalista Kennedy Alencar, que uma das linhas de investigação é seguir a “rota dos financiadores”.

Ela citou como exemplo o acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, nos meses de novembro e dezembro do ano passado, que só foi desmobilizado no dia 10 de janeiro deste ano, ou seja, dois dias após a tentativa de golpe.

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“Houve investimento para aquele local e nós estamos buscando quais foram esses financiadores. Há, inclusive, empresas investigadas que fizeram financiamento com o governo federal. Nesse caso, estamos fazendo um recorte do financiador por que são empresas que têm financiamento com o governo, mais especificamente empréstimos com bancos públicos. Então, a gente está de fato voltado para isso”, revelou a relatora.

De acordo com ela, trata-se de seguir a rota dos financiadores. “A gente quer entender quem levantou o dinheiro e de onde saiu esse dinheiro para irrigar o 8 de janeiro, que não foi barato”, afirmou a relatora.

“Nesse período inteiro teve toda uma estruturação em torno do acampamento, tinha custeio muito grande com ar-condicionado e até massagem ali dentro. Tinha atividades outras que não eram de primeira necessidade”, observou.

Outra frente da CPMI, segundo a relatora, é a possiblidade de fechar uma delação premiada com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que já resolveu contribuir com a Polícia Federal (PF).

“Ele estava numa posição estratégica com o telefone na mão, inclusive os dados do telefone apontam para isso, porque há um acúmulo de informações como a minuta do golpe com a GLO [Garantia da Lei e da Ordem]”, disse.

A relatora lembrou que o telefone do ex-ajudante, além de armazenar informações, fazia uma espécie de filtro de quem chegava ou estava com Bolsonaro.

“Ele estava na reunião com o Walter delgatti lá no Palácio da Alvorada”, lembrou a senadora, fazendo referência ao depoimento do hacker na CPMI. Ele contou que o ex-presidente lhe pediu para invadir as urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Ao longo de todo o mês novembro e dezembro ele estava presente nas reuniões com o presidente. Então não há dúvida nenhuma de que ele é um arquivo muito forte e uma colaboração dele tanto no nível da CPMI quanto na PF trará resultados absolutamente importantes para todo o trabalho que vem sendo feito”, considerou.

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