Acordo Mercosul-União Europeia pode ter “dia D” em 15 de setembro

A reunião entre os dois blocos será em Brasília. “Não podemos aceitar que a proteção do meio ambiente seja usada como medida protecionista”, declarou Mauro Vieira.

Os negociadores do Mercosul e da União Europeia (UE) voltarão a se reunir no próximo dia 15 de setembro, em Brasília, para tentar destravar o acordo de livre comércio entre os dois blocos. A informação foi confirmada no domingo (3) pelo ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Mauro Vieira, que se declarou “otimista” com o encontro. A agenda pode transformar a data no “Dia D” para a parceria.

Até o final de agosto, as tratativas estavam prejudicadas por uma chantagem que a UE tentou impor, ao prever, unilateralmente, sanções em caso de não cumprimento de metas ambientais. Na semana passada, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Mercosul já tinha preparado uma resposta formal ao documento da União Europeia.

“Pretendemos trabalhar intensamente com aqueles parceiros cujas negociações se encontram em etapa avançada, como com a União Europeia, para explorar a oportunidade de fechar acordos que estejam em sintonia com as demandas do atual contexto mundial”, afirmou Vieira. “No dia 15 de setembro, teremos uma reunião presencial. Negociadores da União Europeia virão a Brasília para avançarmos nessa discussão.”

À imprensa, o chanceler antecipou a resposta do bloco sul-americano. “Não podemos aceitar que a proteção do meio ambiente seja usada como medida protecionista. Os outros países do Mercosul têm a mesma posição – já conversei com chanceleres de Uruguai, Argentina e Paraguai.”

De acordo com Vieira, esses países buscarão, nas conversas com a UE, “um ponto central em que os interesses do Mercosul sejam atendidos”. O objetivo é concluir as negociações ainda em 2023. “Pretendemos apresentar para exame de todos uma contraproposta de reação à carta adicional da União Europeia, com o intuito de destravar a negociação birregional”, enfatizou o ministro.

A negociação está pendente desde 2019, quando os dois blocos avançaram nos termos comerciais do acordo. A apresentação de uma proposta adicional da UE, mencionando as contrapartidas ambientais, emperrou as conversas. Lula, em especial, manifestou publicamente sua contrariedade com a manobra europeia.

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