Por direitos, cinco mil mulheres indígenas se encontram em Brasília

Mulheres indígenas realizam uma grande manifestação em defesa de direitos, da demarcação de terras e da preservação das culturas indígenas. Evento deve reunir cinco mil pessoas na 3ª Marcha das Mulheres Indígenas.

3ª Marcha das Mulheres Indígenas deve reunir 5 mil pessoas em Brasília.

Com o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais”, a 3ª Marcha das Mulheres Indígenas reúne em Brasília cerca de 5 mil mulheres representantes de várias etnias indígenas desde segunda-feira (11).

O encontro se encerra nesta quarta-feira (13) com uma grande caminhada pela Esplanada dos Ministérios, marcada para às 8 horas. Logo após, representantes da Marcha se encontrarão com autoridades políticas.

Organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), o manifesto divulgado aponta que as mulheres indígenas estão envolvidas em muitas lutas em âmbito nacional e internacional. 

Segundo o documento, a população indígena do Brasil é formada por 305 Povos, falantes de 274 línguas. Aproximadamente 900 mil pessoas, sendo 448 mil mulheres. “Nós, Mulheres Indígenas, lutamos pela demarcação das terras indígenas, contra a liberação da mineração e do arrendamento dos nossos territórios, contra a tentativa de flexibilizar o licenciamento ambiental, contra o financiamento do armamento no campo. Enfrentamos o desmonte das políticas indigenista e ambiental”. 

O manifesto destaca que as lideranças indígenas estão em permanente processo de luta em defesa de direitos para a garantia de sua existência, “que são nossos corpos, espíritos e territórios”. 

O evento teve início nesta segunda-feira (11), com a participação das mulheres indígenas em uma sessão solene em homenagem à Marcha no Plenário da Câmara dos Deputados. Na ocasião, as indígenas ocuparam os assentos destinados aos parlamentares e discursaram em defesa do meio ambiente e dos direitos dos povos originários.

A ministra dos Povos Indígenas esteve presente no Plenário da Câmara dos Deputados para defender os direitos das mulheres indígenas. Foto: Agência Câmara.

Uma das representantes da Terra Indígena Morro dos Cavalos, de Santa Catarina, da aldeia Yaka Porã, a cacica Eliara Antunes, destacou a importância da representatividade indígena no Parlamento, em uma legislatura que conta com cinco indígenas eleitos deputados federais.

“Este é um dia muito importante para nós, mulheres indígenas. É uma honra e imensa alegria estarmos aqui, ocupando este espaço, [que] por muitas vezes tentaram violar nossos direitos”, ressaltou a cacica, segundo informações da Agência Brasil.

Presente na sessão, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara ressaltou o tema da marcha e disse que não é só um lema, mas uma luta pela nossa existência; pela nossa vida”, disse.

“Nossa marcha é em defesa da biodiversidade, para que possamos não só manter nossos direitos, mas também o respeito aos nossos modos de vida”, acrescentou a ministra ao avaliar os últimos 6 anos como um “período tenebroso para os direitos dos povos indígenas”, destacou.

“As mulheres indígenas estão aqui, em Brasília, para colocar suas demandas e continuar contribuindo para o bem-estar de todos os seres vivos”, disse a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, durante a sessão solene.

Representantes da Marcha e autoridades políticas em frente ao Congresso Nacional. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados.

A ministra da Mulher, Cida Gonçalves também participou do evento e destacou o compromisso do governo federal e do presidente Lula com a vida das mulheres, especialmente indígenas e negras. “Basta de feminicídio no Brasil. É contra esse ódio que estamos marchando”, ressaltou.

Organizadora da Marcha, Braulina Baniwá, representante da Anmiga, protestou contra o garimpo em áreas indígenas e cobrou participação das mulheres indígenas nas decisões que afetam suas comunidades. “O Estado não pode pensar projetos sem nos consultar. O Estado tem que nos colocar como protagonistas nesse processo porque é nosso corpo-território que tem sofrido todo tipo de violências e violações”, afirmou. Lembrando que o primeiro impacto sofrido pela contaminação dos rios pelo garimpo é nas mulheres e crianças.

A programação da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas inclui ainda debates em grupos temáticos, plenárias, palestras e atrações culturais.

Confira, a seguir, a programação desta terça e quarta-feira:

12/09 (terça-feira) 

8h – Plenária Internacional: Mulheres água
11h – Plenária Internacional: Mulheres Sementes – Secretarias Estaduais indígenas e convidadas
14h – Fortalecimento entre elas e para elas: Mulheres Indígenas, Negras, Quilombolas ocupando espaços de poder Municipais, Estaduais, Nacionais e Internacionais
16h- A Bancada do cocar e as Mulheres Biomas na Política
20h- Noite: Desfile das Originárias da Terra

13/09 (quarta-feira)

8h – III Marcha das Mulheres Indígenas: Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais.
14h- Diálogo com as Ministras sobre a Carta que foi entregue na Pré marcha: “Vozes da Ancestralidade dos 6 biomas do Brasil”.
16h- Leitura do documento final das originárias
18h- Show de encerramento com as artistas indígenas Mulheres e convidadas: A Cura Do Mundo Somos Nós. 

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