Rússia e Coreia se alinham apesar de pressões por isolamento

Pressões contra potências orientais favorecem multipolaridade e alinhamento para se defender de sanções imperialistas.

Putin e Kim discutem parceria aeroespacial

Em um cenário geopolítico tenso, o líder norte-coreano Kim Jong Un e o presidente russo Vladimir Putin realizaram uma reunião histórica na Rússia que durou cerca de cinco horas. Este encontro aconteceu em meio ao contexto da guerra na Ucrânia, em que Moscou está envolvido, e da persistência das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia e à Coreia do Norte.

O local escolhido para essa reunião foi o Cosmódromo Vostochny, o centro de lançamento de satélites mais importante da Rússia, onde se discutiram não apenas questões espaciais, mas também a possibilidade de acordos de armas. Esta reunião é notável não apenas pelo conteúdo das conversas, mas também pela raridade do próprio encontro. Kim Jong Un raramente viaja para fora de seu país, e os dois líderes não se encontravam desde 2019.

O alinhamento de Kim Jong Un e Vladimir Putin em meio à atual conjuntura global sinaliza um comprometimento com a multipolaridade e a busca por parcerias estratégicas que vão além das pressões do Ocidente. A Coreia do Norte, como a Rússia, enfrenta sanções econômicas e políticas rigorosas impostas pelo Ocidente. Esta aliança pode ser vista como uma resposta conjunta ao isolamento imposto pelo Ocidente.

Este encontro não apenas reforça os laços entre a Rússia e a Coreia do Norte, mas também destaca a determinação desses líderes em manter parcerias estratégicas em meio às pressões internacionais. Em um mundo multipolar e em constante evolução, essas alianças podem ter um impacto significativo nas dinâmicas globais e na busca pela estabilidade internacional.

Aqui estão os principais destaques do encontro e o que os líderes disseram publicamente:

Repercussões no Ocidente

Enquanto as negociações entre Kim Jong Un e Vladimir Putin continuam a fazer manchetes, o Ocidente observa de perto esses desenvolvimentos. O Reino Unido, por meio de seu porta-voz Rishi Sunak, instou a Coreia do Norte a encerrar as negociações sobre a venda de armas à Rússia. Sunak afirmou que a visita de Kim e as negociações destacam o isolamento da Rússia no cenário global, especialmente à medida que o mundo se une contra a invasão da Ucrânia por Putin.

O Kremlin chamou as negociações de “importantes e substanciais”, com foco na cooperação nas áreas de aviação e transporte. Enquanto isso, a China é vista como uma peça fundamental no que diz respeito a possíveis acordos de armas entre Rússia e Coreia do Norte, dada sua influência como parceiro comercial e patrono político da Coreia do Norte.

Por fim, apesar das preocupações e especulações sobre acordos de armas, as relações entre a Rússia e a Coreia do Norte parecem estar se fortalecendo, desafiando a ordem mundial global. O desenrolar dessas negociações e seu impacto no cenário internacional continuam sendo tópicos de interesse global, com o Ocidente observando de perto as próximas etapas dessa inusitada aliança.

Posição da China: Especialistas destacam que a China desempenha um papel fundamental na possível cooperação em armamentos entre Rússia e Coreia do Norte, dado seu relacionamento estratégico com ambos os países. A China é o maior parceiro comercial e o principal patrono político da Coreia do Norte. Qualquer acordo de armas seria uma “aliança de conveniência”, e a China terá influência considerável sobre o resultado.

Especulações sobre acordos de armas: Putin respondeu às especulações sobre a obtenção de suprimentos da Coreia do Norte por parte da Rússia, afirmando que eles discutiriam “todas as questões”. Enquanto o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, sugeriu que o Ocidente violou acordos contratuais ao enviar armas da era soviética para a Ucrânia, Kim Jong Un não se pronunciou abertamente sobre um possível acordo de armas.

A Casa Branca já alertou que a Coreia do Norte “pagaria um preço” se fornecesse armamentos à Rússia para uso no conflito na Ucrânia. Essas negociações preocupam Washington e seus aliados, uma vez que a cooperação em defesa é vista como uma prioridade na reunião, especialmente após a visita do Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, à Coreia do Norte em julho.

Apoio à “luta justa” da Rússia: Kim expressou apoio à “luta justa” da Rússia, que é vista como uma referência à guerra na Ucrânia. Ele afirmou o compromisso de estar ao lado da Rússia na “frente anti-imperialista” e na luta pela independência.

“A Rússia está atualmente envolvida em uma luta justa contra as forças hegemônicas para defender seus direitos soberanos, segurança e interesses. Aproveito esta oportunidade para afirmar que estaremos sempre ao lado da Rússia na frente anti-imperialista e na frente da independência.”

Gentilezas e promessas: Os líderes trocaram elogios e palavras amigáveis, destacando a importância da reunião. Putin enfatizou a cooperação econômica e humanitária, enquanto Kim Jong Un expressou gratidão pelo acolhimento russo e mencionou a profunda amizade entre os dois países.

Espaço e tecnologia: Além das questões de defesa e geopolítica, a reunião também abordou a cooperação no espaço. O encontro ocorreu em um centro espacial, onde Kim Jong Un elogiou a Rússia como uma “superpotência espacial”. O coreano homenageou a história russa como os “primeiros conquistadores do espaço”. Putin destacou o interesse norte-coreano na engenharia de foguetes e a cooperação no campo da aviação e transporte.

Autor