Venezuela emite mandado de prisão contra Guaidó, após dilapidação de refinaria

Em meio à crise na Venezuela, EUA entregaram uma refinaria em Houston e uma fábrica de fertilizantes na Colômbia para controle de Guaidó, que é acusado até por aliados de usar as estatais em benefício próprio.

Guaidó chega a Miami em abril, onde é protegido pelos EUA, mesmo diante de acusações independentes de uso ilegal de recursos públicos venezuelanos

As autoridades venezuelanas anunciaram nesta quinta-feira (5) a emissão de um mandado de prisão contra Juan Guaidó, ex-líder da oposição e ex-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela. O procurador-geral do país, Tarek William Saab, comunicou a medida em uma entrevista coletiva realizada em Caracas. Além disso, Saab afirmou que será solicitado um alerta vermelho da Interpol para a captura de Guaidó.

Segundo Saab, as acusações contra Guaidó incluem o uso de recursos da petrolífera estatal PDVSA para financiar suas despesas pessoais e forçar a PDVSA a aceitar condições de refinanciamento de uma dívida da estatal. Estas ações teriam causado perdas à nação no valor de US$ 19 bilhões e levado à quase definitiva perda da Citgo, uma subsidiária da PDVSA nos Estados Unidos, que Saab descreve como o ativo mais importante da Venezuela no exterior.

O “governo interino” de Guaidó há muito que é acusado por Maduro e até por observadores independentes de gerir mal os fundos públicos sob o seu controle, nomeadamente através da empresa venezuelana de fertilizantes Monómeros e da Citgo Petroleum, com sede em Houston, uma refinaria de petróleo anteriormente controlada pelo governo da Venezuela.

Além disso, o procurador-geral mencionou que existem pelo menos 28 investigações em curso contra Guaidó, que incluem acusações de usurpação de funções, branqueamento de capitais, terrorismo, tráfico de armas, traição e associação, entre outras.

Esta não é a primeira vez que o gabinete de Saab solicita um alerta vermelho da Interpol contra um líder da oposição no exílio. Julio Borges, nome de destaque no cenário político venezuelano, foi alvo de alerta este ano. A Interpol não parece ter agido em nenhum destes alertas contra políticos da oposição.

Juan Guaidó, que chegou a se autoproclamar “presidente encarregado” da Venezuela em 2019, foi reconhecido por vários países, incluindo os Estados Unidos. No entanto, sua presidência interina foi encerrada no final de 2022 pela própria oposição venezuelana, que agora se prepara para definir um candidato para as eleições presidenciais de 2024. Ele sequer se digna a se defender das acusações para gerar alguma argumentação a seu favor entre opositores de Maduro.

Guaidó, que está atualmente exilado nos Estados Unidos, respondeu às acusações afirmando que são “mentiras” destinadas a perseguir a oposição venezuelana. No entanto, mesmo lideranças de oposição que o apoiaram o acusam de usar os recursos das empresas estatais em benefício próprio, num momento de profunda crise no país. Com isso, ele fica proibido de voltar a Venezuela e perde a blindagem da oposição que o protegia.

O anúncio do mandado de prisão de Guaidó, embora esperado há meses, ocorre num momento em que o governo Maduro prossegue conversações com a administração Biden sobre a possibilidade de levantar algumas sanções dos EUA ao setor petrolífero da Venezuela em troca da promessa de Maduro de realizar eleições presidenciais livres e justas no próximo ano.

O país realizará suas próximas eleições presidenciais em 2024, e a situação política continua a ser um desafio tanto internamente quanto nas relações com outros países, especialmente os Estados Unidos.

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