Pesquisa mostra disputa acirrada na Argentina

Fim da campanha unificou esquerda em torno do candidato. Mas a direita se mostrou fragmentada nesta reta final, colocando em risco a vaga de Milei no segundo turno.

Reta final da campanha na Argentina levou o campo progressista para as ruas em torno de Massa e contra Milei

Neste domingo, 22 de outubro, a Argentina vai às urnas para escolher seu próximo presidente, mas a incerteza paira sobre o resultado. As pesquisas de opinião têm oferecido resultados conflitantes, tornando difícil prever se haverá um vencedor no primeiro turno ou se a nação se encaminhará para um segundo turno. A que mais causa debate na mídia é a Atlas Intel, que aponta para a superação de Sergio Massa, o candidato da situação, sobre os votos de Javier Milei, com uma metodologia diferenciada.

As regras eleitorais argentinas estabelecem que, para um candidato vencer no primeiro turno, ele deve obter mais de 45% dos votos ou ter pelo menos 40% dos votos com uma vantagem de mais de 10% em relação ao segundo colocado. No entanto, as pesquisas indicam que nenhum candidato atualmente atende a esses critérios.

Um Observador de pesquisas, na segunda-feira (16), apontou que a maioria das pesquisas coloca Javier Milei, do partido de extrema-direita La Libertad Avanza, como o candidato com maior simpatia e apoio. No entanto, nenhum dos levantamentos sugere uma vitória para Milei no primeiro turno. Os principais candidatos que competiriam pela segunda colocação nas pesquisas tradicionais são Sergio Massa, do governista União pela Pátria, e Patricia Bullrich, da coligação de centro-direita que endividou o país.

Enquanto outros institutos tradicionais atribuem vantagem a Milei, sobre Massa, quando chega na pesquisa Atlas Intel, Massa aparece como líder, com 30,6%, enquanto Milei atinge 25,2% e Bullrich 25%, surpreendendo a todos.

Massa, Bullrich e Milei:

A pesquisa da Atlas Intel, liderada por Andrei Roman, tem sido uma das mais discutidas. Eles adotaram uma abordagem inovadora, realizando pesquisas com coleta 100% digital. Ele explicou que essa técnica, combinada com ajustes ponderados para garantir representatividade demográfica, oferece uma visão mais precisa da opinião pública. Roman compartilhou os sucessos da Atlas Intel no Brasil, onde suas previsões precisas nas últimas eleições presidenciais consolidaram sua reputação como uma fonte confiável de análises políticas.

Pouco se fala da unidade de todas as forças sociais de esquerda, como as centrais sindicais, em torno de grandes manifestações em defesa de Massa e contra Milei, fazendo o eleitorado esquerdista de Myriam Bregman migrar para ele. As pesquisas da Atlas foram tratadas como controversas, especialmente após a recente queda de Milei e Bullrich. Roman explicou que, embora parecesse uma vitória esmagadora para Milei inicialmente, a realidade é mais complexa. Massa manteve seu eleitorado intacto e beneficiou-se da migração quase completa de outros candidatos de esquerda, enquanto na direita, a competição entre Bullrich, Milei e Schiaretti tornou o cenário volátil.

Mas, para explicar o que pode estar alavancando Massa, Roman concentrou-se no eleitorado de direita do partido Juntos pela Mudança, onde detectou uma complexa dinâmica. “Há uma aversão a (Horácio) Larreta entre os eleitores de direita mais radicais de Bullrich”, observou Roman, citando o prefeito de Buenos Aires, que aceitou ser chefe de gabinete dela, ao perder a vaga no partido para disputar a Presidência. Isso destaca a divisão dentro do próprio campo político, onde as preferências variam amplamente.

Além disso, Roman ressaltou que muitos argentinos estão votando em Javier Milei do partido ultraliberal La Libertad Avanza não por convicção, mas “através de um processo de exclusão”. Esse fenômeno, explicou ele, reflete o descontentamento geral dos eleitores com as opções tradicionais e a busca por uma mudança radical no sistema político e econômico.

Em relação às preferências dos eleitores de Milei, especialmente nos setores sociais mais baixos, a questão da dolarização é uma peça chave. Roman observou que enquanto a maioria dos argentinos (60%) rejeita a dolarização, um tema central para Milei, seus eleitores não têm convicção sobre isso, mas vêem como uma alternativa desesperada diante da situação econômica atual. 25% do eleitorado de Milei resiste à ideia de dolarização da economia.

A fragmentação dos votos na oposição também é um ponto crítico. A competição entre Bullrich e Milei intensificou-se, mas a entrada de Juan Schiaretti no cenário político criou uma dinâmica volátil. Roman explicou que uma tripla fragmentação no voto da oposição torna as previsões ainda mais desafiadoras, com a possibilidade de um segundo turno entre Bullrich e Massa, ou até mesmo entre Massa e Milei.

À medida que a Argentina se prepara para ir às urnas, a incerteza persiste. As diferentes pesquisas criam uma atmosfera de incerteza quanto a quem ficará em segundo lugar, o que terá grandes implicações para a possível corrida no segundo turno. As análises dos especialistas, como a de Andrei Roman, oferecem insights valiosos, mas a complexidade do cenário eleitoral continua a intrigar os observadores políticos e os eleitores argentinos. O país está em suspense, esperando para ver como esses complexos fatores se desdobrarão nas eleições que se aproximam.

O desempenho dos candidatos nos próximos dias será fundamental, e as pesquisas não conseguem fornecer um quadro definitivo. É possível que a competição fique entre Javier Milei e Sergio Massa em um segundo turno, mas também existe a possibilidade de Patricia Bullrich entrar na disputa com Milei, tornando as eleições ainda mais imprevisíveis.