China volta a surpreender o “mercado” e cresce 4,9% no 3º trimestre

Economia chinesa saltou 4,9% no período de julho a setembro. No trimestre anterior, o crescimento foi de 6,3%, igualmente superior ao chutômetro do mercado.

O “mercado” – este ente abstrato e vertiginoso, que tem errado todas as previsões sobre a economia brasileira em 2023 – também se equivocou com a China. Havia uma expectativa de que o PIB chinês crescesse “apenas” 4,4% no terceiro trimestre.  Agentes do “mercado” ouvidos pela agência Reuters na tarde desta terça-feira (17) convergiam nessa estimativa a poucas horas do anúncio oficial, quando diversos dados estavam à disposição desses analistas.

Mas caiu a noite, veio o anúncio, e o “mercado”, outra vez, se enganou. A economia chinesa voltou a surpreender e saltou 4,9% no período de julho a setembro. Quase todos os vaticínios foram frustrados. No trimestre anterior, o segundo de 2023, o crescimento foi de 6,3%, igualmente superior ao chutômetro do mercado.

O fato é que o país caminha para cumprir a meta de crescer 5% no ano. Nos primeiros nove meses de 2023, a alta já foi de 5,2%, elevando o PIB chinês a 91,3 trilhões de yuans (cerca de US$ 12,7 trilhões). Conforme ressaltou Sheng Laiyun, vice-chefe do Departamento Nacional de Estatísticas da China (NBS), basta que o país cresça 4,4% no quarto trimestre do ano para alcançar a meta. “Estamos confiantes”, reforçou Laiyun.

Na véspera do anúncio, o Financial Times, um dos jornais de mais prestígio no mercado financeiro global, jurava que “a segunda maior economia do mundo” não conseguiria “cumprir as expectativas de uma recuperação pós-pandemia”. Segundo a publicação, “a confiança do consumidor e dos negócios continua fraca, enquanto a guerra entre Israel e o Hamas no Oriente Médio está adicionando incerteza à demanda externa sombria por exportações chinesas”.

O mercado e este jornal em especial desdenharam dos possíveis impactos do “pacote” de medidas do governo Xi Jinping. Nos últimos meses, sob a direção do Partido Comunista, a China reduziu os juros, ampliou os investimentos em obras de infraestrutura e estimulou ainda mais a iniciativa privada. Deu no que deu.

O relatório divulgado pelo governo nesta terça faz a gentileza de lembrar ao “mercado” que o crescimento não foi casual: “Em face de um ambiente internacional grave e complexo e de tarefas árduas de reforma, desenvolvimento e estabilidade em nível interno, todas as regiões e departamentos envidaram grandes esforços para impulsionar o desenvolvimento de alta qualidade e estabilizar emprego e preços”.

Como os fatos não corroboraram o que predizia a bola de cristal dos agentes, as novas apostas pessimistas ficam para o próximo período. Embora o mercado e seus veículos midiáticos reconheçam os “sinais de estabilização”, o cenário ainda traria “riscos para uma recuperação duradoura”. Riscos sempre há, mas convém não subestimar a China – ou superestimar o “mercado”.

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