OMS condena ataque a hospital em Gaza e pede fim de evacuação

A Organização Mundial de Saúde disse ainda que mesmo antes da explosão no hospital houve mais de 51 outros ataques a profissionais de saúde em Gaza

Localização do hospital bombardeado em Gaza

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nota condenando o ataque aéreo ao hospital Al Ahli Arab, localizado no norte da Faixa de Gaza. No momento do ataque, o hospital estava em operação, com pacientes, profissionais de saúde e pessoas internadas. Há relatos de centenas de mortos e feridos. Autoridades da OMS classificam o ocorrido como um ataque “em escala sem precedentes”, que tem sido observado desde o início da ofensiva em outra dezena de hospitais.

De acordo com a organização, o hospital era uma das 20 instituições da região que receberam ordens de evacuação pelas forças de segurança israelenses. “A ordem de evacuação tem sido impossível de ser executada dada a atual insegurança, o estado crítico de muitos pacientes e a falta de ambulâncias, pessoal, capacidade de camas do sistema de saúde e abrigo alternativo para os deslocados”, diz a organização internacional. A OMS pede a suspensão das ordens de evacuação e a proteção dos civis e das unidades de saúde durante o conflito Israel-Hamas.

Segundo o doutor Ahmed Al-Mandhari, diretor regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, “a OMS apela à proteção ativa imediata dos civis e aos cuidados de saúde. O direito internacional humanitário deve ser respeitado. Desta forma, os cuidados de saúde devem ser ativamente protegidos e nunca visados”.

“Queremos expressar nossa mais profunda tristeza pelo horror que se desenrolou esta noite no hospital Al-Ahli”, disse o Dr. Richard Peeperkorn, representante da OMS para os territórios palestinos ocupados, em entrevista coletiva nesta terça. “Este ataque não tem precedentes, mas a OMS tem visto ataques consistentes nas unidades de saúde no território palestiniano ocupado”, complementou.

Estima-se que mais de 500 pessoas morreram ou ficaram feridas no bombardeio ao hospital, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Além de cuidar dos pacientes, o hospital também abrigou milhares de deslocados internos, ressaltou a OMS.

O Dr. Mike Ryan, diretor-executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS acrescentou que a localização desses hospitais é “absolutamente clara”. “A saúde não é um alvo. Nunca deve ser alvo de ninguém em conflito. Isso está consagrado no Direito Internacional Humanitário e estamos vendo isso ser violado repetidas vezes, novamente e novamente durante a última semana e isso tem que parar”, ponderou Ryan. “Isso deve parar. Não podemos deixar que médicos e enfermeiros façam as escolhas que têm de fazer. É desumano”, adicionou.

A Organização Mundial de Saúde disse ainda que mesmo antes da explosão no hospital houve mais de 100 ataques a profissionais de saúde: 51 deles em Gaza, com 15 profissionais de saúde mortos em serviço, 27 feridos e 24 instalações de saúde danificadas.

“Os hospitais são sagrados e devem ser protegidos a todo custo”, alertou Volker Türk, chefe de direitos humanos da ONU, que também afirmou o estado de choque de quem acompanha os fatos. “As palavras me faltam. Esta noite, centenas de pessoas foram mortas – horrivelmente – em um ataque maciço no Hospital Árabe Al Ahli na Cidade de Gaza, incluindo pacientes, profissionais de saúde e famílias que buscavam refúgio dentro e ao redor do hospital. Mais uma vez, os mais vulneráveis. Isso é totalmente inaceitável”, disse.

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