GM continua a esconder total de demitidos; sindicatos calculam mais de mil

Montadoras no Brasil têm histórico de demissões em massa, mas é incomum que a medida seja feita “às escuras”, sem comunicado prévio ou mesmo posterior aos sindicatos

Cinco dias após “passar o facão” em suas três fábricas no estado de São Paulo, a General Motors (GM) continua a esconder o número total de funcionários demitidos no último sábado. De acordo com os sindicatos de metalúrgicos que representam as bases atingidas, 1.100 trabalhadores perderam seus empregos.

Montadoras no Brasil têm histórico de demissões em massa, mas é incomum que a medida seja feita “às escuras”, sem comunicado prévio ou mesmo posterior aos sindicatos, conforme prevê a maioria das convenções e dos acordos coletivos do setor. O silêncio sobre a dimensão dos cortes é ainda mais raro.

O caso da GM já virou um exemplo de prática antissindical e absoluta falta de responsabilidade social. Os trabalhadores foram avisados do desligamento em pleno final de semana, por telegrama ou e-mail.

A fábrica mais prejudicada foi a de São José dos Campos (SP), no Vale do Paraíba, onde são produzidos os veículos S10 e Trailblazer. Estima-se que, de cerca de 4 mil operários, ao menos mil foram cortados.

Na unidade de São Caetano do Sul (SP), no ABC Paulista, que tem 7 mil funcionários e fabrica os modelos Spin, Tracker e Montana, houve aproximadamente 200 demissões. Já a planta de Mogi das Cruzes, que produz peças de montagem para a S10, fechou cem de seus 500 postos de trabalho.

Os três sindicatos – que promovem uma luta unificada pelo cancelamento das demissões – paralisaram as fábricas desde segunda-feira, com ampla adesão dos trabalhadores. As entidades, apoiadas pelas centrais sindicais, já cobraram apoio dos governos federal e estadual, bem como do Ministério Público do Trabalho.

Na terça-feira (24), as centrais sindicais lançaram uma nota conjunta para repudiar aas demissões na GM. “Demissão coletiva sem negociação prévia com os sindicatos, contraria a legislação nacional. E os cortes realizados pela GM no Estado de São Paulo são injustificáveis”, aponta o texto.

No Brasil, a GM – multinacional norte-americana que é considerada uma das “gigantes” do setor automotivo – tem mais três fábricas: em Gravataí (RS), em Joinville (SC) e em Sorocaba (SP).

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