Com forte adesão, Petroleiros iniciam paralisações em unidades da Petrobras

Categoria petroleira luta por um acordo coletivo digno e a recuperação de direitos que foram arrancados pelas gestões anteriores. Paralisações continuam na próxima semana.

Trabalhadores e trabalhadoras da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) e da UTE-Canoas se mobilizaram pela reumanização do Sistema Petrobras | Foto: reprodução/sindipetrors

Nesta sexta-feira (27), a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos, em conjunto com a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), iniciaram paralisações em nove unidades da Petrobras em todo o país, incluindo refinarias e termelétricas. O movimento visa protestar contra a segunda contraproposta da Petrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que buscam a recuperação de direitos perdidos nos últimos anos.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, ressaltou a expressiva adesão dos trabalhadores à paralisação como demonstração da capacidade de luta da categoria. Ele também anunciou que as paralisações continuarão na semana seguinte, com paradas nas subsidiárias na segunda-feira (30), nas unidades administrativas na terça-feira (31) e nas bases de Exploração e Produção na quarta-feira, dia 1º de novembro.

Ao Portal Vermelho, Bacelar explicou que as assembleias realizadas nas bases da Petrobras no dia 26 rejeitaram por unanimidade a segunda contraproposta da empresa devido ao pouco avanço nas negociações. As paralisações estão sendo usadas como uma ferramenta de pressão para que a Petrobras avance nas negociações.

O coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, participou do ato na Replan | Foto: Vítor Peruch, do Sindipetro Unificado

O dirigente da entidade enfatizou a importância da autonomia e independência sindical diante dos governos e dos patrões, destacando a necessidade de pressionar o governo para que seu programa, aprovado nas urnas, seja efetivamente implementado.

“Entendemos que os nossos sindicatos, a nossa federação, a FUP, ela utiliza, defende e vivencia, na prática, o princípio da autonomia e independência sindical diante dos governos e dos patrões e, por conta disso, estamos aqui cumprindo aquilo que o próprio presidente Lula nos cobrou. É o movimento sindical, os movimentos sociais, pressionando o governo à esquerda para que seu programa possa ser colocado na prática, programa de governo que foi aprovado pela população nas urnas, agora necessita de uma pressão popular para que ele seja executado”, disse.

Reivindicações

Entre as reivindicações dos petroleiros estão a recomposição salarial, com um ganho real de 3%, uma reposição de perdas passadas de 3,8%, e a equiparação entre as tabelas salariais da Petrobras e de suas subsidiárias. Questões como o resgate do plano de saúde (AMS) e da previdência complementar (Petros), preservação da vida dos trabalhadores afetados por transferências compulsórias, e outras demandas de natureza trabalhista e de qualidade de vida também estão entre as prioridades.

A categoria denuncia a atuação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) que, segundo Bacelar, impõe limitações na negociação coletiva entre as empresas. Os petroleiros questionam a relação de custeio da AMS, que passou de 70% pela empresa e 30% pelos trabalhadores para 60% e 40%, e os descontos considerados abusivos na AMS devido a um saldo devedor não auditado.

No Rio de Janeiro, teve mobilizações na Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e nono Terminal de Cabiúnas, em Macaé | Foto: reprodução/FUP

“É inadmissível que a SEST, a secretaria que coordena as estatais brasileiras, esteja está colocando limitadores na negociação coletiva entre as empresas. Se o acordado prevalece sobre o legislado, porque a SEST exige limitações com relação ao plano de saúde, com relação ao pagamento das horas extras, com relação ao reajuste nas cláusulas econômicas das categorias das empresas públicas estatais, não faz sentido algum”, afirmou Bacelar.

Apesar das reuniões com a SEST, até o momento, não houve soluções para a recuperação dos direitos perdidos na última gestão. A Petrobras distribuiu bilhões em dividendos nos anos de 2021 e 2022, levando os trabalhadores a questionarem o sacrifício de seus direitos em prol dos acionistas.

A atual gestão da Petrobras é instada a reparar os danos causados aos trabalhadores, como o desmonte da AMS, redução de efetivos, retirada de direitos, e transferências compulsórias que levaram muitos ao adoecimento mental e físico. “Não dá para aceitar que uma empresa desse porte, com resultados extraordinários, continue sacrificando os trabalhadores para enriquecer acionistas”, destaca o dirigente.

A categoria está empenhada em reparar os danos causados ​​durante a última gestão e em garantir melhores condições de trabalho para o futuro.

As paralisações dos petroleiros chamam a atenção para a importância da negociação coletiva e da busca por condições dignas de trabalho, ao mesmo tempo em que destacam a necessidade de equilibrar os interesses das empresas estatais com os direitos dos trabalhadores.

“Esperamos retornar à mesa de negociação com correlação de força diferenciada para avançarmos no alcance da reconquista da conquista de direitos no nosso acordo coletivo de trabalho”, finalizou Deyvid.

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