Audiência pública sobre privatização da Sabesp é suspensa pela Justiça

Antes marcada para acontecer na Alesp nesta segunda (6), Justiça atendeu ação popular que questionou convocação às pressas feita na véspera do feriado

Audiência pública na Alesp ocorrida em 18 de outubro. Foto: Sintaema

A audiência pública sobre a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Inicialmente marcada para esta segunda-feira (6), no auditório Juscelino Kubitschek, na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), a audiência foi cancelada pelo juiz Raphael Augusto Cunha ao atender o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que acatou uma ação popular movida pelo deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT), pela presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Neiva Ribeiro, e pela vice-presidenta da CUT-SP, Ivone Silva.

O grupo questionou a data para a audiência sobre o Projeto de Lei 1501/2023 – que autoriza o Poder Executivo do Estado de São Paulo a promover medidas de desestatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP.

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A escolha da data foi feita de maneira apressada e impediu a ampla publicidade sobre o debate. Ao que tudo indica, esta seria uma maneira de esvaziar uma audiência em que a participação popular é fundamental para questionar o projeto privatista proposto pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A data foi marcada no dia 1 de novembro, véspera do feriado de finados, e não respeitou o tempo de oito dias de antecedência normativos. A escolha, além de oferecer apenas 5 dias de preparação, tempo em que a mobilização das bases interessadas fica comprometida, foi realizada na véspera de um feriado prolongado, o que tornou tudo ainda mais duvidoso quanto à definição do presidente da Alesp, deputado André do Prado.

O governo estadual encaminhou o PL 1501/2023 para a Assembleia em regime de urgência, para que a tramitação ocorra de forma acelerada e não precise passar por todas as comissões. Parlamentares questionam os métodos utilizados pelo Executivo e exigem que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) faça o projeto passar por todas as comissões.

Em outra frente é questionado ainda se a privatização deveria ser apresentada como Proposta de Emenda à Constituição (PEC), ao invés de Projeto de Lei – o que exigiria mais votos para aprovação em plenário, uma vez que a PEC exige maioria qualificada (3/5 ou 57 votos) e o PL maioria absoluta (48 votos entre os 94 deputados (as) estaduais).

Como forma de tornar o processo mais transparente e participativo, o juiz decidiu pela suspensão da audiência e que a uma nova data seja escolhida e amplamente divulgada com o prazo constitucional mínimo de 8 dias de antecedência.