Governo eleva o tom com Israel para resgatar brasileiros em Gaza

O grupo de 34 pessoas tenta deixar o território palestino pela fronteira com o Egito há semanas

34 brasileiros aguardam autorização para sair. Até o momento, aproximadamente 2.831 pessoas foram autorizadas a deixar a Faixa de Gaza, a maioria americanos e europeus.

O governo brasileiro intensifica seus esforços para negociar com Israel o retorno seguro de 34 cidadãos brasileiros presos na Faixa de Gaza, uma área assolada por conflitos. Os diplomatas brasileiros entregaram uma mensagem forte a Israel, segundo reportagem da Globonews, alertando que se algo acontecer a esses brasileiros, poderá prejudicar gravemente as relações diplomáticas entre os dois países.

Esses cidadãos brasileiros tentam há semanas sair da zona de conflito e cruzar a fronteira Gaza-Egito, mas não têm autorização de Israel para fazê-lo. Dessas, 24 são brasileiros, sete são palestinos com RNM (Registro Nacional Migratório) e três palestinos. Do total, 18 são crianças, 10 são mulheres e seis são homens. Até agora, a ampla maioria dos estrangeiros que passaram pelo posto de Rafah é composta por americanos e europeus, principalmente britânicos, franceses e alemães.

Apesar de várias rondas de negociações, não foram incluídos nas listas de estrangeiros autorizados a sair de Gaza. Israel comprometeu-se a permitir a sua saída, e a situação foi reiterada durante as discussões entre o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Já faz muito tempo que estamos oferecendo essas listas. Não posso aceitar como desculpas essas dificuldades mais específicas. Há mais de 10 dias que todos têm as listas. Não há razão para os brasileiros ainda não terem saído de lá”, disse Amorim à CNN. “Não houve uma explicação para a não inclusão de brasileiros. Simplesmente foram dando prioridade a outros países”, destacou Celso Amorim. “Vamos esperar que haja uma decisão rápida [sobre os brasileiros]. Estamos há mais de 15 dias pedindo a liberação. Não há razão para qualquer suspeita. Se houvesse algum problema com algum dos nacionais, poderiam ter falado logo. É uma situação absurda, em que há 15 crianças em um grupo de 32 pessoas”.

O governo brasileiro enfatiza que foi um dos primeiros países a fornecer uma lista de seus cidadãos que necessitam de repatriação de Gaza. Além disso, um avião está de prontidão há semanas no Egito, aguardando a oportunidade de resgatar o grupo. As negociações para sua libertação envolvem o chanceler Mauro Vieira, o assessor especial Celso Amorim e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, a situação é complicada devido ao número de pessoas que tentam sair do enclave devastado pela guerra. Ele negou qualquer influência das relações do Brasil com Israel na seleção de quem pode sair de Gaza, citando como exemplo a Indonésia, país que não reconhece Israel e foi incluído na primeira lista.

O diplomata de carreira Rubens Ricupero, ex-embaixador brasileiro em Washington, que acompanha à distância, sem envolvimento na negociação, também diz não ver indícios de retaliação. “O Brasil não tem uma postura que se destaque pela agressividade”, apontou Ricupero.

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar, afirma que Israel não é quem decide quem entra na lista de saída e que é o Hamas, grupo que controla Gaza, que impõe diversas condições para a libertação de palestinos com dupla nacionalidade, causando atrasos.

O conflito persiste há 31 dias, causando baixas significativas entre os palestinos, com milhares de mortos e dezenas de milhares de feridos. Uma grande parte da população de Gaza foi deslocada e numerosas casas foram danificadas ou destruídas.

As autoridades brasileiras expressaram preocupação com a demora em garantir a saída dos seus cidadãos, especialmente das crianças e das suas famílias. Neste momento, não existe um calendário definido para a sua saída de Gaza, tendo as estimativas e compromissos anteriores não sido cumpridos. As autoridades brasileiras consideram a situação absurda e exigem ações rápidas para garantir a segurança de seus cidadãos.

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