Trump quer repressão drástica à imigração, se eleito

Políticas prometem medidas sem precedentes para sobrecarregar advogados e ONGs por meio de ampla gama de táticas. Até mesmo imigrantes legais serão afetados.

Crianças e adultos num centro de processamento de imigrantes no Texas. Foto Agência de Alfandega e Proteção de Fronteiras dos EUA/Divulgação

O ex-presidente Donald Trump está planejando uma ampliação extrema de suas políticas de imigração, caso retorne ao poder em 2025. Os planos, detalhados por assessores em entrevistas ao The New York Times, indicam uma abordagem agressiva e sem precedentes, incluindo prisões em larga escala de imigrantes indocumentados em campos enquanto aguardam deportação, medidas que afetariam tanto a imigração legal quanto a ilegal, envolvendo campos de detenção, deportações em larga escala e alterações nas políticas de asilo.

No cenário político, as mudanças nas nomeações judiciais durante seu primeiro mandato podem favorecer Trump, tornando os tribunais mais inclinados a apoiar suas políticas. A crescente frustração pública com a imigração poderia criar um ambiente propício para a implementação dessas medidas, embora a resistência também seja esperada.

Os assessores, liderados por Stephen Miller, arquiteto das políticas de imigração do primeiro mandato de Trump, detalharam uma agenda ambiciosa, baseada em estatutos existentes para evitar a necessidade de nova legislação. As medidas planejadas visam sobrecarregar os defensores dos direitos dos imigrantes por meio de uma ampla gama de táticas.

Trump pretende retomar políticas polêmicas de seu primeiro mandato, incluindo a proibição de entrada de pessoas de certas nações de maioria muçulmana e recusar pedidos de asilo com base em alegações de doenças infecciosas. Alegações de que migrantes carregam outras doenças, como tuberculose, seriam utilizadas para justificar essa recusa.

O ex-presidente também pretende pressionar países estrangeiros para colaborar na gestão da crise, utilizando acordos bilaterais e ameaças diplomáticas para obter cooperação. Isso incluiria a reinstauração de acordos de “terceiro país seguro” e o uso da lei de poderes de emergência de saúde pública (Título 42) para recusar pedidos de asilo na fronteira sul.

Deportações em massa e campos de detenção

O ex-presidente planeja vasculhar o país em busca de imigrantes indocumentados, deportando milhões anualmente. Para acelerar as deportações, Trump busca amplificar formas de remoção que não exigem audiências, realocando agentes federais e envolvendo policiais locais e soldados da Guarda Nacional. A criação de grandes campos de detenção seria financiada pelo redirecionamento de fundos militares, evitando aprovação do Congresso.

Os planos de Trump representam um ataque sem precedentes à imigração nos EUA. A magnitude das deportações, a criação de campos de detenção e a repressão às políticas de asilo enfrentariam desafios logísticos, financeiros e diplomáticos, além de provavelmente resultarem em contestações nos tribunais.

Políticas de vistos e cidadania por nascimento

Em um segundo mandato, Trump pretende cancelar vistos de estudantes envolvidos em protestos específicos e implementar triagem ideológica para solicitantes de visto. Além disso, várias pessoas com status de proteção temporária teriam esse status revogado, incluindo afegãos que fugiram do Talibã.

A cidadania por nascimento também seria alvo, com Trump buscando interromper a emissão de documentos para bebês nascidos nos EUA em famílias sem permissão legal. Essa medida, entre várias outras, enfrentaria desafios legais, com especialistas prevendo que muitas delas chegariam à Suprema Corte.

O plano de Trump enfrentaria desafios significativos, tanto em termos de sua legitimidade legal quanto da resistência da sociedade e do sistema judiciário. As mudanças propostas impactariam milhões de imigrantes, provocando reações adversas e debates intensos sobre direitos humanos e justiça. Em um cenário onde o ambiente político sobre imigração tem se movido em direção às ideias de Trump, a execução dessas políticas poderia criar profundas divisões na sociedade norte-americana.

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