Eleições na Argentina: Milei e Massa debatem pela última vez antes da votação

De olho nos indecisos, debate presidencial argentino envolve polêmicas e a influência inesperada de fãs de Taylor Swift e BTS, prometendo redefinir o panorama político

Milei e Massa discursam após eleições primárias na Argentina, em agosto | Fotos: Luis Robayo/AFP

Neste domingo (12), o ultraliberal Javier Milei, do partido La Libertad Avanza, e o economista Sérgio Massa, da União pela Pátria, se enfrentam no último debate televisivo antes do segundo turno das eleições presidenciais na Argentina.

Transmitido pelo canal da Cámara Nacional Electoral (CNE) no YouTube e em todos os meios de comunicação públicos argentinos, o debate, que acontece às 21h no horário de Brasília em formato pool, será moderado por dois homens e duas mulheres, mantendo a paridade de gênero.

Uma pesquisa da AtlasIntel divulgada na última sexta-feira (10) coloca Milei na liderança das intenções de voto com 52,1%, enquanto Massa segue com 47,9%. Quando as intenções são medidas em votos totais, Milei tem 48,6%, contra 44,6% de Massa. 2,3% dizem não saber em quem votar, enquanto 4,4% se dividem entre a opção pelos votos brancos e nulos.

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O levantamento ouviu 8.971 pessoas com mais de 16 anos de forma aleatória e por meios digitais entre domingo (5) e quinta-feira (9). A margem de erro é de um ponto percentual, para mais ou menos, e o nível de confiança é de 95%.

Alberto Pfeifer, coordenador geral do DSI da USP, ressalta a possibilidade de reviravoltas no pleito durante o debate, especialmente se houver descontrole dos candidatos, mas não necessariamente pela introdução de novas propostas.

“A reviravolta pode vir se houver descontrole de algum dos candidatos, se algum for pilhado em situação de desconforto, mas não pela apresentação de novas propostas”, disse ao g1.

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Os temas em pauta abrangem desde economia, educação e saúde, até produção, trabalho, segurança, direitos humanos, convivência democrática e as relações internacionais da Argentina, onde o tópico sobre a relação com o Brasil pode emergir.

Recentemente, Milei declarou sua recusa em se encontrar com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rotulando-o de “comunista” e “corrupto”, algo que ele já havia feito em outras ocasiões. Em entrevista ao jornalista peruano Jaime Bayly, ele disse ainda que, se chegar à Casa Rosada, seus “aliados” serão os Estados Unidos, Israel e “o mundo livre”, porém não irá impedir transações com nenhum país desde que sigam as leis do livre mercado.

“Swiftie não vota em Milei”

O debate político na Argentina esbarrou também em campanhas inesperadas, onde o candidato da direita radical e sua companheira de chapa, Victoria Villarruel, foram criticados por uma frente inesperada: os fãs da cantora Taylor Swift. Sob o lema ‘Swiftie não vota em Milei’, seguidores da cantora expressaram desaprovação ao candidato e seu partido, La Libertad Avanza, chamando-os de representantes da “direita antidemocrática” e “Trump argentino”.

A cantora americana desembarcou em solo argentino na última quarta-feira (8) para três shows no estádio Monumental em Buenos Aires, com ingressos esgotados, enquanto a polarização cresce dias antes das eleições presidenciais.

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Os fãs do grupo coreano BTS, maior nome do K-Pop, também querem a derrota de Milei no próximo dia 19 de novembro. O motivo são publicações xenófobicas da vice de Milei recuperadas nas últimas semanas.

Em 2020, Villaruel provocou o grupo BTS no X (antigo Twitter) ao dizer que sigla do grupo parecia “uma doença sexualmente transmitida.”Fãs do BTS, mobilizaram as redes sociais ao reagir à descoberta das publicações. “Repudiamos as declarações de ódio e xenofobia em relação à imagem do BTS proferidas pela candidata Victoria Villarruel”, publicou a conta BTS Argentina. “Esperamos as desculpas correspondentes.”

O debate deste domingo se pretende como um campo de confronto ideológico e político crucial para o futuro da Argentina, prometendo não apenas um confronto de propostas, mas também uma exposição de visões antagônicas que poderiam redefinir o cenário político do país.

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com agências

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