Agência Nacional de Mineração interdita pilhas de rejeitos estéreis da Vale em Mariana

Três pilhas próximas ao povoado de Santa Rita Durão foram interditadas pela Agência Nacional de Mineração. Vale diz que não há necessidade de remoção das famílias

Mina da Vale em Mariana (MG). Foto: Google/Reprodução

Três pilhas de rejeitos estéreis de uma mina da Vale, na cidade de Mariana (MG), foram interditadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM) na última sexta-feira (10). A interdição das pilhas, que integram a mina denominada Fábrica Nova, ocorre devido à falta de estabilidade nas estruturas.

A preocupação da ANM é quanto a um possível novo desastre ambiental, que já ocorreu em Mariana, em 2015, com responsabilidade de Samarco, e em Brumadinho (MG), em 2019, sob responsabilidade da Vale.

De acordo com a agência, “nesta semana, equipe da ANM, em parceria com a Defesa Civil, está realizando vistoria no local para definir a linha de ação que deve ser adotada pela empresa. Assim que for apresentado laudo atestando a estabilidade das estruturas, a ANM decidirá sobre a manutenção ou não da intervenção.”

Leia também: Corte britânica questiona Vale sobre indenização a atingidos por barragem

As pilhas interditadas são a PDE Permanente I, PDE Permanente II e PDE União Vertente Santa Rita. Diferente de uma barragem de rejeitos liquefeitos como das tragédias de Mariana e Brumadinho, as pilhas de estéreis interditadas são formadas em estrutura de aterro e material compactado, sem valor comercial.

De acordo com a Defesa Civil, a mina de Fábrica Nova fica próxima ao povoado de Santa Rita Durão, distrito de Mariana, onde residem 123 pessoas em uma área que pode ser atingida em cerca de 30 minutos, caso ocorra algum problema com o dique localizada junto às pilhas.

Leia também: Caso Samarco: dano continuado afeta renda e alimentação, aponta estudo

Na avaliação da ANM, a queda de uma dessas pilhas pode acontecer junto a um dique da empresa que fica próximo, este sim com armazenamento de rejeitos liquefeitos. Caso o rejeito da pilha caia no dique existe a possibilidade de transbordamento.

No Plano de Ação de Emergência desse dique, a Vale coloca que em uma eventual ruptura seria necessário retirar 295 pessoas, sendo 147 residentes, seis transeuntes (transitórios), 137 empregados próprios e terceirizados e cinco funcionários de outro empreendimento situado na região.

Vistoria

Na noite de segunda-feira (13), a ANM informou que realizou uma vistoria em campo e “não constatou anomalia aparente que apresente risco iminente da estrutura das pilhas.”

No entanto é colocado que a equipe da agência ainda voltará ao local para concluir o trabalho de fiscalização.

Leia também: Vale S/A, empresa alemã e 16 pessoas vão responder por 272 mortes em Brumadinho

A nota traz que “em parceria com a Defesa Civil Estadual e do município de Mariana, Ministério Público, Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, Corpo de Bombeiro e a Associação dos Moradores da Associação Santa Rita, a ANM reuniu-se ainda com representantes da Vale para esclarecimentos.”

Segundo estudo preliminar apresentado pela Vale, “não há risco iminente de ruptura da pilha ou mesmo do dique a jusante”. Ainda é posto que, em caso de uma ruptura hipotética da pilha, os “técnicos da Vale entendem que os impactos de uma eventual ruptura considerando essa condição de falha são irrelevantes na área a jusante.”

Leia também: Após Brumadinho, 40 mil pessoas ainda vivem sob o risco de novos desastres

Com isso, a Vale sustenta que não há necessidade de remoção das famílias.

*Com informações ANM e Agência Brasil