Primeira emissão internacional de títulos verdes do Brasil rende US$ 2 bi

Título Global 2031 ESG foi lançado no mercado internacional e tem taxa de retorno ao investidor de 6,5% ao ano. Objetivo é financiar ações ambientalmente sustentáveis

Foto: arquivo/Agência Brasil

O Brasil fez sua primeira emissão de título sustentável em dólares no mercado internacional, chamado Global 2031 ESG — a sigla corresponde a um selo de boas práticas nas áreas ambiental, social e de governança. O vencimento será em 18 de março de 2031 e foi emitido um montante de US$ 2 bilhões, com uma taxa de retorno para o investidor de 6,50% ao ano, segundo informado pelo Tesouro Nacional nesta segunda-feira (13).

De acordo com o governo, o objetivo da operação é “reafirmar o compromisso do Brasil com políticas sustentáveis, convergindo com o crescente interesse de investidores não residentes e com a expansão do mercado de títulos temáticos no mundo”.

Também conhecidos como green bonds, os títulos sustentáveis ou verdes são emitidos por governos, instituições financeiras ou empresas para financiar projetos ou atividades que tenham benefícios ambientais e sustentáveis. Esses papéis permitem ao governo pedir dinheiro emprestado a investidores, com a promessa de devolvê-lo com juros em um prazo determinado. 

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Conforme informado pelo Tesouro Nacional, a taxa de retorno estabelecida corresponde a um spread (diferença entre o preço de compra e o de venda de um título) de 181,9 pontos-base (unidade de medida usada no mercado financeiro que correspondem a 0,01 ponto percentual). 

O título sustentável tem cupom de juros de 6,25% a.a, cujo pagamento será realizado em 18 de março e 18 de setembro de cada ano. A emissão foi realizada ao preço de 98,572% do seu valor de face.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que esta “é a primeira vez que o Brasil emite esse tipo de título. A taxa conseguida foi de 6,5 % ao ano. Isso significa um spread implícito de 180 pontos. E por que isso é relevante? Porque esse é o spread pago, em geral, para países com grau de investimento. Então é um dado relevante, porque o mercado internacional reconhece o Brasil como um país com grau de investimento”. 

Interesse dos investidores

Segundo nota do Tesouro Nacional, após anunciar o Arcabouço Brasileiro para Títulos Soberanos Sustentáveis, o Tesouro “dá continuidade à sua estratégia ao emitir o primeiro título sustentável soberano da República em dólar no mercado externo, usando como benchmark [valor utilizado para avaliar o desempenho de um ativo financeiro] uma importante referência para o setor corporativo, e se comprometendo a alocar o montante equivalente aos recursos captados em ações que impulsionem a sustentabilidade e contribuam para a mitigação de mudanças climáticas, para a conservação de recursos naturais e para o desenvolvimento social”. 

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A primeira emissão de títulos sustentáveis do Tesouro Nacional, de acordo com o governo, “atraiu um interesse significativo de investidores, que pode ser mensurado pelas mais de 240 ordens no ápice do livro de ofertas, de acordo com informação do Palácio do Planalto”. Além disso, informaou, “a demanda superou largamente o volume emitido, com o livro de ordens próximo de US$ 6 bilhões. A alocação final contou com expressiva participação investidores não residentes, sendo cerca de 75% oriundos da Europa e da América do Norte, com a América Latina, incluindo o Brasil, respondendo por 25%”. 

A emissão, continua o governo, “ foi majoritariamente absorvida por investidores de longo prazo, com gestores de ativos adquirindo cerca de 60% dos títulos, e contou com expressiva demanda de contas ESG, participantes do non-deal road show (quando não há o compromisso de concretizar a venda) realizado pelo Brasil no início de setembro de 2023”. 

Com informações do Planalto e de agências

(PL)

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