Desemprego cai a 7,7%; negros e mulheres ainda são os mais atingidos

Segundo Pnad Contínua, desocupação ficou acima da média para pretos, 9,6%, e pardos, 8,9%, enquanto mulheres são 9,3%, reflexo das desigualdades que marcam esses grupos

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O índice de desocupação do país teve mais uma queda no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o segundo, saindo de 8% naquele momento para 7,7% agora — quando comparado com igual período do ano passado, quando estava em 8,7%, a redução é ainda maior, de um ponto percentual. O outro lado dessa boa notícia, no entanto, é que as desigualdades raciais e de gênero seguem se refletindo também nessa taxa. 

A taxa de desocupação por cor ou raça ficou abaixo da média nacional (7,7%) para os brancos (5,9%) e acima para os pretos (9,6%) e pardos (8,9%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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“Mesmo com a indicação do crescimento da atividade econômica, o mercado de trabalho continua reproduzindo as desigualdades sociais. Os trabalhadores negros enfrentaram mais dificuldades para conseguir trabalho, para progredir na carreira e entrar nos postos de trabalho formais com melhores salários. E as mulheres negras encaram adversidades ainda maiores do que os homens, por vivenciarem a discriminação por raça e gênero”, diz relatório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) recém-divulgado, que também explicita essa disparidade.  

Segundo esses dados do Dieese, que convergem com os do IBGE, a taxa de desocupação dos negros é de 9,5%, sendo 3,2 pontos percentuais acima da taxa dos não negros. No caso das mulheres negras, que acumulam as desigualdades de raça e de gênero, a taxa estava em 11,7%. 

Ao analisar as mulheres de maneira geral, segmento que chefia a maioria dos lares brasileiros, constata-se que elas amargam índice de desocupação de 9,3%, frente a 6,4% dos homens no terceiro trimestre de 2023, conforme a Pnad Contínua. 

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Conforme relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado em março, a realidade mostra que “as mulheres continuam tendo muito mais dificuldades para encontrar trabalho do que os homens”. Os dados da entidade apontam, ainda, que 15% das mulheres em idade ativa em todo o mundo gostariam de trabalhar, mas não têm emprego, em comparação com 10,5% dos homens.

“A maior taxa de desocupação entre mulheres e entre pessoas de cor preta e parda é um padrão estrutural do Brasil, que a pesquisa acaba refletindo. Essas populações também estão sobrerrepresentadas na informalidade, se comparadas aos homens e às pessoas de cor branca”, sintetizou, recentemente, a pesquisadora do IBGE, Alessandra Brito.

Rendimento mensal maior

Outra notícia positiva trazida pela Pnad Contínua diz respeito ao rendimento real mensal habitual, que está em R$ 2.982, valor que cresceu tanto em relação ao trimestre anterior (R$ 2.933) quanto ao mesmo trimestre de 2022 (R$ 2.862).

O percentual de empregados com carteira assinada no setor privado foi de 73,8% e o da população ocupada trabalhando por conta própria foi de 25,5%. Ataxa de informalidade foi de 39,1% da população ocupada. 

No recorte da desocupação por escolaridade, o levantamento mostrou que, no terceiro trimestre de 2023, a taxa para as pessoas com ensino médio incompleto (13,5%) foi maior do que as dos demais níveis de instrução. Para as pessoas com nível superior incompleto, o índice foi de 8,3%, mais que o dobro do verificado para o nível superior completo (3,5%).

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Quanto ao índice nos estados, a pesquisa apontou que, em relação ao trimestre anterior, as taxas de desocupação diminuíram em São Paulo (7,8% para 7,1%), Maranhão (8,8% para 6,7%) e Acre (9,3% para 6,2%). 

Em 23 Unidades da Federação, os percentuais ficaram estáveis. As maiores taxas de desocupação foram de Bahia (13,3%), Pernambuco (13,2%) e Amapá (12,6%), e as menores, de Rondônia (2,3%), Mato Grosso (2,4%) e Santa Catarina (3,6%). Apenas em Roraima houve crescimento (de 5,1% para 7,6%).

Com informações da Agência IBGE