“Sob o céu de junho”: Fábio Palácio lança seu primeiro livro em Salvador

Obra busca desvendar as complexidades das manifestações de 2013 à luz do materialismo cultural e seu impacto político

Fábio Palácio | Fotos: Uise Epitácio

O professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), jornalista e camarada Fábio Palácio, acaba de lançar seu primeiro livro autoral. Trata-se de “Sob o céu de junho: as manifestações de 2013 à luz do materialismo cultural”, obra editada pela Autonomia Literária. Esse é o terceiro evento de lançamento, que aconteceu no Sindicato dos Bancários, em Salvador, na noite desta terça-feira (21). Os primeiros foram em São Paulo e São Luís, respectivamente.

Durante o evento, o autor comentou sobre a motivação para escrever a obra. Segundo ele, a inspiração veio da sua percepção de que era preciso ter uma interpretação mais delineada sobre as manifestações que aconteceram em 2013, que ficaram conhecidas popularmente como Jornadas de Junho. “A gente precisava entender como que um movimento que começa propondo uma revolução democrática acabou desaguando depois em uma contrarrevolução conservadora, considerando os fatos que vieram depois: o impeachment da Dilma, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro”, conta.

Palácio também conta que o tema já vinha sendo trabalhado em pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal do Maranhão e foi em meados do ano passado que tomou a decisão de escrever o livro por conta da efeméride dos 10 anos de 2013, que completa este ano. “Procurei construir um entendimento mais aprofundado do que aconteceu ali em 2013. E busco analisar aquele episódio à luz do conceito de hegemonia, porque acho que é decisivo para nós todos no campo progressista ir construindo um balanço, uma interpretação sobre o que de fato ocorreu ali em 2013, porque me parece ser um marco de uma certa virada que resultou na rápida desconstrução da hegemonia, das forças progressistas e de esquerda”, afirmou.

Questionado pela escolha de Salvador para fazer o lançamento de seu primeiro livro, o autor destacou a força da militância na capital baiana. “Eu percebi grande interesse do pessoal aqui em saber mais sobre o livro, por isso eu coloquei Salvador na rota de lançamentos, também pela exuberância dos movimentos sociais aqui, porque eu acredito que esse é um livro, no final das contas, sobre os movimentos sociais no século XXI, uma abordagem onde eu busco contribuir para um melhor entendimento, uma melhor compreensão das lutas sociais, da morfologia das lutas sociais neste início do século XXI, então por isso também lançar aqui em Salvador, pela exuberância”, conta.

Sobre o livro

Dez anos após as manifestações de junho de 2013, os analistas ainda devem um entendimento mais delineado sobre a natureza desse enigmático fenômeno, que condicionou em larga medida o processo político posterior. Com base na abordagem teórico-metodológica conhecida como materialismo cultural, originalmente desenvolvida pelo autor galês Raymond Williams, o livro analisa a ambiência internacional que emoldura o Junho brasileiro, assim como a composição social, as motivações e as bandeiras do movimento, destacando suas relações com o campo político.

Também são abordadas as potencialidades e insuficiências dos novos modelos orgânicos alicerçados nas redes sociotécnicas. Conclui-se que 2013 foi a arena discursiva na qual grupos de diferentes orientações mediram forças, ensaiaram movimentos e testaram inéditas formas associativas, muitas delas ligadas às novas tecnologias de informação e comunicação. Ao trazer um novo olhar teórico, a obra busca ampliar o entendimento sobre os sentidos das manifestações, bem como sobre as ideologias que ecoaram sob o céu de Junho.

Sobre o autor

Fábio Palácio é jornalista, doutor em Ciências da Comunicação (ECA/USP) e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde atua no Departamento de Comunicação Social e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia. É também editor da revista Princípios. Colabora com o caderno de ensaios “Ilustríssima”, do jornal Folha de S.Paulo. Entre 2002 e 2008 presidiu o Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ) e foi editor da revista Juventude.br.

__
(BL)

Autor