CCJ aprova transferência para a reserva de militares candidatos

Proposta segue ao plenário, com previsão de votação em 12 dezembro. Presidente do Senado diz que votação no Plenário dependerá de acordo no colégio de líderes

Foto: Geraldo Magela/ Agência Senado

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou, nesta quarta (29), a proposta de emenda à Constituição que proíbe o militar federal na ativa de se candidatar a cargo eletivo. A PEC 42/2023 segue para análise do plenário e, caso aprovada, ainda precisa ser analisada pelos deputados.

De acordo com o texto, o militar federal que se candidatar a um cargo eletivo, no registro da candidatura, será automaticamente transferido para a reserva não remunerada. Policiais e bombeiros militares não serão afetados, ou seja, agentes dessas categorias continuariam a concorrer mesmo estando na ativa.

A PEC foi construída pelo governo federal como uma reação ao aumento de militares da ativa na política no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O texto foi aprovado por votação simbólica, ou seja, sem o registro nominal dos votantes. Assim mesmo, os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Sergio Moro (Uníão-PR) se manifestaram contra a proposta.

Autor do projeto no Senado, o líder do governo na Casa e ex-ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT-BA), argumenta que militares da ativa não devem estar vinculados a atividades político-partidárias, razão pela qual a Constituição restringiu a participação deles, enquanto em serviço ativo, no processo político-eleitoral.

“Para garantir a neutralidade política das Forças Armadas, faz se mister adotar cautelas adicionais. Com esse objetivo, propõe-se que o militar em serviço ativo, estável, que queira se candidatar a cargo eletivo, seja transferido para a reserva no ato do registro da candidatura. Na hipótese de preencher os requisitos para a transferência a pedido para a inatividade remunerada, o militar será transferido para a reserva remunerada. Caso contrário, passará a integrar a reserva não remunerada das Forças Armadas”, diz o texto de Wagner.

O texto contou com parecer favorável do senador Kajuru (PSB-GO), um dos vice-líderes do governo.

Em seu relatório, Kajuru afirma que “militares da ativa das Forças Armadas não devem estar vinculados a atividades político-partidárias, razão pela qual o constituinte originário restringiu a participação deles, enquanto em serviço ativo, no processo político-eleitoral”.

“Os militares federais que desejarem se candidatar, caso já tenham mais de 35 anos de serviço, não sofrerão limitação significativa, já que, mesmo transferidos para a reserva, manterão seus rendimentos normalmente, sem que isso afete seu estilo de vida”, diz trecho do parecer.

“Já para os que ainda não tenham 35 anos de caserna, embora a decisão de se candidatar acarrete a transferência para a reserva não remunerada, caso sejam eleitos, terão outra fonte de remuneração durante o mandato e, caso não sejam, não perderão a patente, se forem oficiais.”

Na Câmara dos Deputados, líderes partidários já discutem mudanças no texto, como a extensão da proibição também para policiais militares.

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