Americanas pode terminar o ano com mais de 11 mil demissões

Após admitir que se envolveu na maior fraude contábil na história do Brasil, a rede varejista já fechou 121 pontos comerciais. Com R$ 1,1 bilhão em caixa, a Americanas acumula dívida de ao menos R$ 21,177 bilhões

Em recuperação judicial, as Lojas Americanas podem terminar 2023 com cerca de 11 mil trabalhadores a menos. Após admitir em janeiro que se envolveu na maior fraude contábil na história do Brasil, a rede varejista já fechou 121 pontos comerciais e demitiu em massa.

O número de unidades fechadas se refere ao período de janeiro a outubro, conforme o último relatório de atividades mensais, enviado pela empresa à enviado CVM (Comissão de Valores Mobiliários). No começo do ano, havia no Brasil 1.880 lojas físicas da rede. Dez meses depois, eram 1.759.

Apesar de ter R$ 1,1 bilhão em caixa, a Americanas acumula um endividamento de ao menos R$ 21,177 bilhões. O tamanho da dívida é superior ao orçamento previsto para o Ministério da Cidades em 2024 ou à receita anual de uma cidade do porte de Belo Horizonte (BH), a terceira maior do Brasil.

No mês passado, houve avanços nas negociações entre as Americanas e alguns bancos credores, como Bradesco, BTG Pactual, Itaú e Santander. Com todos, a dívida da empresa é bilionária. Segundo a Folha de S.Paulo, Banco do Brasil e Votorantim devem fechar acordo com a rede. O Banco Safra, porém, acusou “tentativas de fraude” e “ilegalidades” na recuperação judicial da companhia, propondo um novo plano.

Enquanto negocia com instituições bancárias, a Americanas demite. Até agosto, 9.175 funcionários perderam seus empregos – o equivalente a 21% dos trabalhadores da varejista. A quantidade total de cortes no ano não é pública. Mas, como 20 lojas foram fechadas entre setembro e outubro, analistas acreditam que as demissões podem chegar a 10 mil ou até a 11 mil.

Trabalhadores comerciários são os principais atingidos com essa derrocada.  Mas a onda varre afeta também administradores, funcionários de limpeza, vigilantes e outros profissionais, contratados ou terceirizados.

Para piorar, o setor varejista vive uma prolongada crise. Se o refluxo da pandemia de Covid-19 permitiu a reabertura econômica, em contrapartida o comércio no Brasil sofre com a concorrência de sites internacionais (como Shein, Shopee e AliExpress), os impactos da guerra na Ucrânia e a estagnação no consumo das famílias.

Exemplo dos maus ventos é a Black Friday 2023. Realizada oficialmente em 24 de novembro, o maior evento de varejo online no Brasil registrou queda de 15,1% nas vendas, em comparação com o desempenho do ano passado. Segundo a plataforma Hora a Hora, da Confi.Neotrust, foi o segundo pior resultado da Black Friday desde 2010.

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