Assassinato de líder pataxó choca comunidade indígena

O cacique Lucas Kariri-Sapuyá, de 31 anos, era dirigente estadual da Rede Sustentabilidade e atuava como agente de saúde do Distrito Indígena da Bahia

Nesta quinta-feira (21), um terrível episódio abalou a comunidade pataxó hã-hã-hãe no sul da Bahia, com o assassinato a tiros do cacique Lucas Kariri-Sapuyá, de 31 anos. O líder indígena foi atacado por dois homens encapuzados em uma emboscada, quando retornava à Aldeia do Rio Pardo, no município de Pau Brasil, sul do estado. Lucas era dirigente estadual da Rede Sustentabilidade e atuava como agente de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) da Bahia. O crime deixou a comunidade abalada e levanta questões sobre a segurança dos líderes indígenas na região.

A Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu, onde ocorreu o assassinato, tem um histórico marcado por invasões e conflitos, muitos deles relacionados aos interesses de fazendeiros e posseiros. A estrada onde o líder foi emboscado já foi palco de outra tragédia em 1988, quando o líder pataxó João Cravim foi morto aos 29 anos no mesmo trajeto. A região também lembra o trágico episódio de 1997, quando o irmão de Cravim, Galdino Jesus dos Santos, foi queimado vivo por cinco jovens em Brasília.

Lucas Kariri-Sapuyá, que deixou três filhos e a companheira, tinha planos de concorrer ao cargo de prefeito nas próximas eleições. Seu partido, a Rede Sustentabilidade, emitiu uma nota exigindo a apuração rigorosa das circunstâncias do assassinato e acompanhamento por parte do governo federal. A morte do líder indígena foi considerada mais um atentado contra lideranças de direitos humanos e povos tradicionais na Bahia.

Nas redes sociais, pessoas que conheceram Lucas descreveram-no como alguém “aguerrido e corajoso”, um “mobilizador de esportes na comunidade” e um “defensor da educação escolar indígena”. Além de sua atuação na Rede Sustentabilidade, o líder também fazia parte do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba).

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) manifestou indignação diante do ocorrido, destacando que Lucas dedicou sua vida à incansável defesa de seu povo. O Ministério dos Povos Indígenas e a Secretaria da Segurança Pública da Bahia também emitiram notas lamentando o crime e anunciando ações para identificar e responsabilizar os autores.

A comunidade indígena, os defensores dos direitos humanos e as autoridades estão unidos na busca por justiça e na continuidade da luta pela preservação dos direitos e da dignidade dos povos indígenas. O legado de Cacique Lucas continuará a inspirar todos que compartilham dessa missão. A Funai e o Ministério dos Povos Indígenas afirmaram que acompanharão de perto as investigações para garantir que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados.

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