Com aval de Milei, empresariado reajusta tarifa de ônibus em 45%

Governo ultraliberal suspende congelamento das passagens mesmo com a inflação anual chegando aos 200% ao ano. Valor mínimo subiu de 52,96 pesos para 76,92 pesos

Foto: Reprodução

O preço das passagens de ônibus aumentou 45%, nesta segunda (1), na região metropolitana de Buenos Aires na esteira do desmonte das proteções do Estado por parte do novo governo do presidente da Argentina Javier Milei.

O valor mínimo, para trechos de até 3 quilômetros, subiu de 52,96 pesos para 76,92 pesos. Em Buenos Aires, o valor do tíquete é cobrado pelo tamanho do trajeto percorrido pelo passageiros. O maior aumento se deu em passagens com trechos superiores a 27 km, que passaram de 72,61 pesos para 105,45 pesos.

A alta se deve a um conjunto de fatores que perpassam o encarecimento dos custos com combustível, que desde a posse do líder anarcocapitalista registrou inflação de mais de 60%, até a falta de comprometimento do governo Milei com o custo de vida da população, sobretudo os mais pobres.

Ainda em janeiro está previsto o aumento das tarifas do metrô, de $80 para $110 (um aumento de 37,5%) e dos trens (aumento de 45,32%).

A medida havia sido anunciada na última quinta (28) pelo ministro da Infraestrutura e Transporte, Guillermo Ferraro, depois de reunião com cinco associações patronais do setor.

Na última semana de 2023, as empresas concessionárias anunciaram uma redução de 50% na frequência dos ônibus em operação na região metropolitana da capital argentina. A medida foi a forma como o empresariado encontrou para chantagear o Estado por mais subsídios federal e pelo aumento das tarifas para a população.

Os empresários alegam duas razões que torna “impossível manter a prestação dos serviços”: o aumento do preço dos combustíveis e os congelamentos dos valores da passagem promovidos nos governos anteriores como forma de amenizar o custo de vida das pessoas.

O empresariado critica as medidas praticadas pelo ex-ministro da economia Sergio Massa em discurso alinhado com os setores mais retrógrados da aliança que reuniu o ex-presidente Maurício Macri e o atual presidente Milei.

Em documento redigido após a reunião que selou o aumente das tarifas, o governo argentino em associação ao empresariado afirmou que “o transportes automotor de passageiros está praticamente estatizado, uma vez que 91% é financiado pelo governo federal e apenas 9% das suas receitas provêm de uma fonte genuína, ou seja, o que pagam os passageiros que utilizam o serviço”.

Javier Milei assumiu a Presidência da Argentina promovendo uma grande desregulação da economia do país, enfraquecendo o papel do Estado. O ultraliberal entregou ao Congresso um projeto que propõe uma abrangente reforma do Estado, a eliminação das eleições primárias, mudanças no âmbito penal e desregulamentação da economia, entre outros pontos.

Apelidado de “lei ônibus”, a proposta possui forte teor neoliberal, com medidas de choque que devem impactar sobretudo aqueles cuja renda está sendo corroída com uma inflação anual beirando os 200%.

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