Jair Renan segue passos dos Bolsonaro e é indiciado em inquérito policial

Filho 04 de Jair Bolsonaro é acusado de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro em inquérito da Polícia Civil do Distrito Federal que apura associação criminosa

Foto: reprodução/redes sociais

A família Bolsonaro segue marcando presença no noticiário policial. Desta vez, o filho 04 do ex-presidente Jair Messias, Jair Renan Bolsonaro, foi indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal após a conclusão de inquérito vinculado à Operação Nexum, que investiga um esquema de fraudes, estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. O indiciamento foi tornado público nesta quinta-feira (15) e inclui, ainda, Maciel Alves, seu instrutor de tiro. 

Ambos foram formalmente acusados pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro. De acordo com a PCDF, a investigação segue em sigilo e o relatório final foi encaminhado ao Poder Judiciário no dia 8 de fevereiro. Com isso, cabe agora, ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), analisar o caso e decidir se oferece denúncia contra ambos para que seja instaurado um processo penal na Justiça.

Deflagrada em agosto, a Operação Nexum, conduzida pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) da Polícia Civil do DF, cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços de Jair Renan em Balneário Camboriú e Brasília e dois de prisão, um deles contra Maciel Alves. 

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De acordo com o inquérito, o objetivo era apurar “a existência de uma associação criminosa cuja estratégia para obter indevida vantagem econômica passa pela inserção de um terceiro, ‘testa de ferro’ ou ‘laranja’, para se ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas ‘fantasmas’, utilizadas pelo alvo principal e seus comparsas”. 

Jair Renan teria se beneficiado de fraude para a obtenção de empréstimo bancário, usando faturamento falso da sua empresa, RB Eventos e Mídia. Com isso, conseguiu três empréstimos de R$ 157 mil, 251 mil e 291 mil. Parte do montante teria sido usado para pagar dívidas de cartão de crédito do filho do ex-presidente. 

A polícia afirmou que “não há dúvidas de que as duas declarações de faturamento apresentadas ao banco são falsas, por diversos aspectos, tanto material, em razão das falsas assinaturas do Técnico em Contabilidade […], que foi reinquirido e negou veementemente ter feito as rubricas, quanto ideológico, na medida em que o representante legal da empresa RB Eventos e Mídia fez inserir nos documentos particulares informações inverídicas consistentes nos falaciosos faturamentos anuais”. 

Em família

O caso soma-se a uma série de outros envolvendo a família Bolsonaro, que tem como uma de suas marcas o uso do poder, da máquina e do patrimônio públicos para auferir benefícios pessoais. 

Para citar apenas alguns dos mais recentes casos, Jair Bolsonaro é investigado, entre outros crimes, por tentativa de golpe de estado — juntamente com ministros e assessores, inclusive militares de alta patente — para impedir a posse de Lula e se manter no poder. Tais tentativas levaram ao ápice do golpismo bolsonarista, concretizado nos ataques do dia 8 de janeiro de 2023. 

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Também nesta quinta-feira (16), veio à tona a informação de que o ex-presidente fez uma transferência de R$ 800 mil antes de viajar aos Estados Unidos no final de 2022. A suspeita da PF, segundo noticiado, é de que tanto ele quanto outros investigados fizeram esse tipo de operação financeira com o objetivo de se “resguardarem de eventual persecução penal instaurada para apurar os ilícitos”. 

Vale lembrar, ainda, o caso do desvio e vendas de joias pertencentes à União, o uso da Abin para perseguir oponentes, a conduta omissa e irresponsável de Bolsonaro durante a pandemia, os ataques às instituições e às urnas, o uso da máquina pública para forçar sua reeleição, entre outros crimes, além da antiga proximidade com milícias. 

No caso da “Abin paralela”, recentemente o vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, também foi alvo de operação da Polícia Federal. Além disso, é peça fundamental do chamado “gabinete do ódio”, responsável por disseminar fake news e ataques a adversários políticos e é investigado pela prática de “rachadinha”, já tradicional na família. 

O senador Flávio Bolsonaro, por sua vez, é apontado como possível beneficiado das ações da Abin sob a presidência de seu pai e chegou a ser denunciado também pela prática de “rachadinhas” em seu gabinete. Já o deputado Eduardo Bolsonaro foi alvo de investigação sobre a compra de imóveis no Rio de Janeiro pagos em dinheiro e por valores abaixo do praticado na época. 

Com agências

(PL)

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