Tarcísio irá a ato de Bolsonaro após golpe ser desmascarado

Governador não foi em ato pró-democracia de 8 de janeiro, em Brasília, mas deve estar ao lado do ex-presidente, que teve vídeo revelado arquitetando golpe de Estado

53º aniversário da Rota. Foto Paulo Guereta/Secom Prefeitura SP

O ato convocado por Jair Bolsonaro para o final de fevereiro em São Paulo para se defender das acusações de tentativa de golpe de Estado deverá contar com a presença do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Para a CNN, o governador disse que será uma manifestação pacífica e que estará ao lado do ex-presidente – flagrado em vídeo arquitetando a tentativa de golpe.

A aproximação do ex-ministro de Bolsonaro é uma cobrança dos setores da extrema-direita, que pedem maior presença do governador alçado pelo bolsonarismo para o atual posto. A avaliação é de que ele pouco se compromete na defesa das acusações que o ex-presidente enfrenta.

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Na mesma medida o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também é cobrado, uma vez que quer o apoio dos bolsonaristas para a sua campanha de reeleição, mas não se envolve diretamente com as pautas extremistas, que estão cada vez mais desmoralizadas pelas contradições que a justiça e Polícia Federal revelaram para o Brasil.

Manifestações

Convidado para participar dos atos de um ano de defesa da democracia e de vitória sobre o golpismo de 8 de janeiro de 2023 promovido pelos Três Poderes federais, o governador de São Paulo não compareceu. Na ocasião, 12 governadores estiveram presentes em Brasília.

Por outro lado, Tarcísio agora firmou o compromisso de que irá posar ao lado de Bolsonaro depois de toda as acusações e do vídeo que comprova a trama pelo golpe que culminou, entre outras situações, na vandalização de Brasília em 8 de Janeiro do ano passado.

Com isso, Tarcísio lembra, para que ninguém esqueça, do lado que sempre esteve.

Ironicamente, Bolsonaro diz que o ato convocado para o final do mês é em defesa do estado democrático de direito e pede que os participantes não levem faixas de ataque a nenhuma instituição. Ou seja, mais uma vez a extrema-direta cria uma narrativa própria e manipula a verdade em prol de um ato preconizado por quem justamente planejou um golpe.

Investigações

Ainda que as relações da reunião ministerial que tramou o golpe de Estado antes das eleições e o 8 de Janeiro estejam sob investigação, é preciso lembrar que também houve a tentativa de atendado à bomba no aeroporto de Brasília pelo blogueiro bolsonarista Wellington Macedo e outros acusados, além do movimento organizado por caminhoneiros que bloquearam rodovias e queimaram pneus logo após a derrota de Bolsonaro.

Todas essas ações mostram o quanto o bolsonarismo esteve comprometido com o golpe. O vídeo da reunião ministerial golpista somente deu maior respaldo para que a Operação Tempus Veritatis (Hora da Verdade) da Polícia Federal (PF) avançasse.

Com isso, Bolsonaro mobiliza seus apoiadores por um ato na medida em que um processo fica cada vez mais factível. O ex-presidente já está inelegível até 2030 e teve que entregar o passaporte para a justiça.

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A suspeita atual pela qual pode ser processado é a de golpe de Estado, abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa. Somadas as penas por esses crimes chegam a 23 anos e o prazo de inelegibilidade, em caso de condenação, pode ser ampliado para 30 anos.