PIB de Israel contrai quase 20% com impacto da guerra contra palestinos

Contração foi o dobro do esperado com custo da guerra representando 13% do PIB nacional. Agências de risco rebaixaram classificação para investimentos no país.

Mesmo antes da guerra, Israel já enfrentava intensa instabilidade politica, greves e retração econômica pós-pandemia.

A economia de US$ 500 bi de Israel enfrentou uma contração significativa nos últimos três meses de 2023, com o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrando uma queda acentuada de 19,4% em comparação com o trimestre anterior. Essa queda representa o dobro da expectativa negativa e um revés econômico alarmante para Israel, que tem investido parte de sua mão de obra jovem, capital político e reservas na devastação da Faixa de Gaza e sua população por meio de bombardeios.

O anúncio dessa contração foi feito pelo Gabinete Central de Estatísticas de Israel nesta segunda-feira (19), que destacou a forte influência do conflito armado na economia do país. A guerra tem gerado um custo significativo para Israel, estimado em cerca de 255 bilhões de shekels (R$ 349,24 bilhões) até o final de 2025, o que equivale a aproximadamente 13% do PIB, de acordo com o Banco de Israel.

Essa desaceleração econômica era esperada, especialmente após o banco central ter reduzido suas previsões de crescimento do PIB para 2023, passando de 3% para 2%, pouco antes do início do conflito. Além disso, a agência de classificação de risco Moody’s emitiu o primeiro rebaixamento da classificação de crédito de Israel, citando o elevado risco político e a deterioração das finanças públicas decorrentes da guerra.

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Apesar dos esforços para lidar com as consequências do conflito, incluindo a rápida recuperação observada nos últimos três meses de 2023, a Moody’s alertou para o risco de um novo rebaixamento, especialmente diante da possibilidade de uma escalada no conflito, envolvendo até mesmo o Hezbollah, grupo armado libanês.

“Num cenário de conflito total o impacto negativo na economia iria se espalhar por mais setores e seria mais duradouro”, afirmou a Moody’s. O setor turístico, um dos mais importantes, foi severamente atingido e a indústria tecnológica, que representa 18% do PIB, estão enfrentando interrupções na produção. Apenas 12% da indústria funciona em capacidade plena.

A guerra tem impactado profundamente a vida cotidiana dos israelenses, levando a uma redução significativa nos gastos, viagens e investimentos. Além disso, a mobilização maciça de reservistas e o deslocamento de milhares de pessoas de áreas fronteiriças a Gaza e ao Líbano, devido aos constantes ataques com foguetes do Hamas e do Hezbollah, têm contribuído para interromper o crescimento econômico do país.

As tensões políticas internas relacionadas com a reforma judicial planejada pelo governo e o aumento dos incidentes de segurança já vinham tendo um impacto negativo no sentimento empresarial e no investimento, antes mesmo do 7 de outubro de 2023. Além disso, uma queda significativa no capital levantado por empresas de tecnologia, uma queda de 70% para 1,7 mil milhões de dólares no primeiro trimestre de 2023, face a 5,8 mil milhões de dólares no primeiro trimestre de 2022, também levantou preocupações sobre a estabilidade econômica.

Embora o ano de 2023 como um todo tenha terminado com crescimento positivo, a economia israelense está enfrentando desafios consideráveis, com previsões indicando um crescimento modesto de cerca de 2% em 2024, dependendo da duração e da expansão do conflito. No entanto, há expectativas de uma recuperação mais robusta em 2025, baseada na resiliência e na força fundamental da economia israelense, especialmente no setor de alta tecnologia.

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