‘Falso Turista’: Milei começa barrar entrada de brasileiros na Argentina

Estudantes matriculados e turistas, não só do Brasil, estão sendo impedidos de entrar no país; migração classifica como ‘Falso Turista’, artifício da época da ditadura

Foto: Ministerio del Interior Argentina

Relatos de brasileiros que não conseguem entrar na Argentina têm ganhado volume nos últimos dias. Sob o governo de Javier Milei – que assim como outros líderes de extrema-direita nutre uma sanha contra imigrantes – o país tem restringido a entrada de estrangeiros com o argumento de “falso turista”.

O artifício, segundo reportagem do Uol, foi utilizado pela área de migrações durante a ditadura militar argentina nos anos 80 para impedir a entrada, principalmente, de latino-americanos, conforme consulta a Diego Morales, do Centro de Estudos Legais e Sociais da Argentina.

O selo de “falso turista” ressuscitado por Milei vem para cumprir sua promessa de dificultar que estudantes de outros países estudem por lá.

Estes tem sido os principais alvos de impedimento de entrada. Relatos reunidos pela reportagem dão conta que mesmo com comprovantes de matrículas já realizadas em instituições argentinas os brasileiros e outras pessoas de América do Sul têm sido impedidas de entrar – o que não significa deportação.

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E a justificativa abstrata tem afetado também os verdadeiros turistas, pois muitos deles por não terem passagem de retorno já compradas têm sido apontados como potenciais estudantes e classificados também como “falsos turistas”, retornando ao Brasil com as férias frustradas.

É importante ressaltar que pelo Mercosul, a circulação de pessoas dos países membros para turismo é livre por um período de 90 dias que pode ser dobrado. Inclusive não existe a necessidade de passaporte, somente com o RG (com menos de 10 anos de emissão) brasileiros conseguem adentrar os países vizinhos.

Além disso, as relações para brasileiros são (ou eram) ainda mais facilitadas, pois um acordo bilateral que vigora desde 2004 confere no mesmo período citado acima que brasileiros podem iniciar o processo para fixar residência de forma permanente, depois de se instalarem provisoriamente.

Números

Conforme traz a apuração, pelo menos 10 mil brasileiros estão em universidades argentinas, em um universo de 90 mil residentes, de acordo com o Itamaraty no ano passado.

O principal foco são cursos de medicina gratuitos oferecidos pelas universidades públicas do país, ou mesmo cursos pagos, porém com valores mais acessíveis dos que são praticados no Brasil.

Na parte do turismo, 20% dos estrangeiros que foram passear na terra de Messi e Maradona eram brasileiros no ano passado, o que demonstra um importante fluxo de receita para os ‘hermanos’.

Com as notícias sobre o enquadramento de “falso turistas” tanto para estudantes como para os verdadeiros turistas, o Consulado do Brasil pede atenção para a documentação exigida antes de viajar. Ainda que na prática a passagem de volta não tenha sido cobrada nos últimos tempos, agora ela tem sido requisitada pelas autoridades migratórias, mesmo ferindo o acordo bilateral.

*Informações UOL. Edição Vermelho, Murilo da Silva.

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