Governo anuncia hospital para atendimento dos povos indígenas em Roraima

Objetivo é ampliar os serviços prestados a essa população, que ainda sofre com as ações do garimpo ilegal e a desassistência sob o governo Bolsonaro

Autoridades anunciam criação de hospital. Foto: Lucas Leffa/Secom/PR

Com o objetivo de fortalecer o atendimento à saúde indígena, em especial do povo yanomami, o governo federal anunciou, nesta quinta-feira (22), durante coletiva de imprensa, a construção do primeiro hospital voltado a essa população na capital de Roraima, Boa Vista. 

O maior mapeamento junto às necessidades dos indígenas feito a partir do atual governo mostrou a necessidade de aumentar o diagnóstico de doenças e a assistência em saúde a essa população. A população no território é de 31 mil indígenas, divididos em cerca de 380 comunidades. 

No ano passado, houve 363 mortos na região — em 2022, foi apresentado um total de 343. Para os ministérios da Saúde e dos Povos Indígenas, isso ocorreu devido à subnotificação resultante da falta de políticas públicas adequadas por parte do governo de Jair Bolsonaro. As pastas avaliam que é preciso estabelecer mecanismos mais eficientes para ter exatidão da desassistência no local.  

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Segundo o governo, seis polos-base, que haviam sido fechados durante a gestão Bolsonaro, foram reativados no ano passado. Essas estruturas dão assistência a mais de 5 mil indígenas em mais de 75 aldeias no território Yanomami. No ano passado, houve um aumento de 53% no número de profissionais de saúde, que passaram de 690 para 1.058. 

A maior parte dos problemas enfrentados pelos povos indígenas na região amazônica tem relação direta com o garimpo ilegal que, além de aumentar a violência, faz crescer a circulação de doenças vindas de fora, polui rios e amplia o desmatamento e a morte de animais, prejudicando a vida dessa população. 

“Essa presença gera contaminação dos rios, afasta a caça, altera os modos de vida do povo yanomami, inclusive de produção de alimentos. Gera malária, desnutrição e tem afetado as nossas ações de saúde”, afirmou o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba. 

O hospital deverá ser um serviço de retaguarda, além de atender média e alta complexidade. “Acreditamos que com esse hospital de retaguarda nós ajudaremos a distensionar os serviços de saúde no município de Boa Vista e no estado de Roraima. Vamos, ainda, implantar um centro de referência em Surucucu. A nossa ideia é que, com esse centro de referência, a gente leve os serviços de atenção especializada para dentro do território”, explicou Tapeba.

A secretária de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, argumentou que o governo considera 2023 o marco zero para entender as notificações de saúde e também de mortes na região, uma vez que os dados até 2022 eram imprecisos ou inexistiam. “Com o aumento de profissionais de saúde, habilitados a avaliar e notificar, nós temos uma informação mais qualificada. Isso acontece com todas as doenças”, apontou. 

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, enfatizou que pelo menos 13 ministérios trabalharão de forma integrada para buscar soluções para a situação dos yanomami, o que inclui um crédito extraordinário no valor de R$ 1,2 bilhão, como foi anunciado em janeiro. Ela ratificou que a segurança local será realizada não só por militares das Forças Armadas, mas também com a presença da Polícia Federal e da Força Nacional.

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Segundo o governo federal, em 2023, primeiro ano de ações da atual gestão, foram realizados mais de 21 mil atendimentos médicos por 960 profissionais. Houve crescimento de nove para 28 no número de integrantes do Mais Médicos, recuperação nutricional de mais de 400 crianças, realização de 140 mil testes em massa para detecção de malária. 

Além disso, de acordo com o governo, mais de 4,7 milhões de unidades de medicamentos e insumos foram enviados e o Ministério da Saúde garantiu a aplicação de 59 mil doses de vacinas. No lado da segurança alimentar, foram distribuídas 59 mil cestas de alimentos.

No que diz respeito à segurança, 13 operações da Polícia Federal resultaram em 175 prisões em flagrante e R$ 589 milhões em bens apreendidos, além de 310 operações de fiscalização.

Com agências Brasil e Gov.br

(PL)

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