Mortes cometidas por PMs crescem 94% em SP

Com Operação Verão na Baixada Santista, número de mortes foi de 69 para 134 no bimestre entre os dois primeiros anos do governo Tarcísio

Foto: Agência Brasil

Subiu em 94% o número de mortes ocasionadas pela Polícia Militar de São Paulo no primeiro bimestre desse ano em comparação com os meses de janeiro e fevereiro de 2023. As mortes passaram de 69 para 134. O crescimento da letalidade no segundo ano de mandato do Tarcísio de Freitas (Republicanos) é impulsionado pelas atividades da Operação Verão (antiga Escudo) na Baixada Santista, que já alcançou 39 mortes.

Os números foram divulgados pelo g1 e GloboNews com dados do pelo Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público Estadual.

A reportagem anualizou as mortes do primeiro bimestre para efeito de comparação: 2024 (134); 2023 (69); 2022 (52); 2021 (129); 2020 (183); 2019 (125); 2018 (141); e 2017 (163). O número este ano demonstra o retorno aos altos patamares registrados entre 2017 e 2021 e reverte uma tendência de baixa averiguada desde então relacionada a disseminação do uso de câmeras corporais pelos força de segurança.

Aumento

Neste ano, em janeiro foram 55 mortes e fevereiro registrou 79. Os dados incluem mortes de policiais em serviço e em folga. No primeiro caso o número foi de 49 para 112 e no segundo de 20 para 22, altas de 129% e 10%, respectivamente.

Para o site, a Secretaria da Segurança Pública não comentou os números, apenas que “as mortes decorrentes de intervenção policial” são “consequência direta da reação violenta de criminosos à ação da polícia”.

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A intensificação das atividades policias na Baixada Santista pela Operação Verão é observada como resposta ao assassinato do soldado PM da Rota Samuel Wesley Cosmo em 2 de fevereiro. Antes já havia sido morto o policial Marcelo Augusto da Silva, em 26 de janeiro, e depois ainda ocorreu a morte de José Silveira dos Santos, em 7 de fevereiro.

Do total de 134 mortes pela ação da polícia no estado, 63 foram na baixada santista (sendo 39 dentro da Operação Verão) e 29 na capital paulista.

Ouvidoria e protestos

As ações da PM têm sido acompanhadas de perto pelo ouvidor Cláudio Aparecido da Silva que afirmou ter provas de que policiais tem intimidado as famílias de vítimas. O Ministério Público de São Paulo tem promotores atuando para averiguar as denúncias.

Para a Ponte Jornalismo, Aparecido disse que tem encaminhado os dados obtidos para a Secretaria da Segurança Pública, porém indicou que não possui documentação de todas as mortes. Ele já havia pedido o aumento no número de câmeras corporais para a corporação, porém não obteve resposta. Além disso, afirmou que não há, até agora, nenhum inquérito quanto às mortes.

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No último domingo (3), um protesto tomou as ruas de Cubatão, no litoral paulista, feito por mulheres com vítimas nas famílias. Nas faixas, camisetas e gritos de protesto, mensagens com pedidos por justiça e paz, questionamentos sobre a atuação da polícia indicando que “não existe confronto quando só um lado atira” e o apontamento de que o maior número de vítimas são jovens negros.