Lula discute ampliação de veículos bioelétricos em reunião

CEOs de montadoras com investimentos bilionários e dos setores de combustível e metalurgia querem combinar etanol e eletricidade para reduzir emissões de carbono.

Lula reuniu-se com Luciano Coutinho (IE/Unicamp); Presidente da Stellantis, Emanuele Capellano; CEO da Volkswagen, Ciro Possobom; Presidente da Toyota, Evandro Maggio; CEO e Presidente da Scania, Christopher Podgorski; Presidente do Conselho da BYD, Alexandre Baldy; Presidente da IndustriALL-Brasil e Diretor-Executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira; Diretor-Presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), Evandro Gussi; Presidente da Bioenergia Brasil, Mário Campos e o Conselheiro da (ABiogás) e Diretor da Cocal, Carlos Ubiratan Garms, no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderou uma importante reunião nesta quinta-feira (14), no Palácio do Planalto, com fabricantes de carros e especialistas em bioenergia para debater a ampliação dos chamados veículos bioelétricos. Esses carros híbridos combinam eletrificação e o uso de etanol, representando uma aposta do setor automotivo brasileiro para reduzir as emissões de carbono no país.

Durante o encontro, que durou aproximadamente duas horas, as montadoras apresentaram ao presidente uma pesquisa detalhada sobre os efeitos da alta emissão de CO2 e exploraram alternativas viáveis para mitigar esse problema. Essa iniciativa está alinhada com os compromissos assumidos pelo presidente Lula em sua terceira gestão, visando a promoção de políticas sustentáveis e a descarbonização da economia brasileira.

Em dezembro do ano passado, o presidente lançou o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que tem como objetivo central a descarbonização da frota automotiva do país. O programa prevê incentivos fiscais para estimular a produção de veículos mais sustentáveis e promove a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias na área de mobilidade.

Além disso, Lula reforçou seu compromisso com a descarbonização em fóruns internacionais, como a conferência do clima COP28, realizada em Dubai.

A reunião contou com a participação de importantes figuras do governo e do setor privado, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro Rui Costa, o economista e professor da Unicamp, Luciano Coutinho, além de CEOs e presidentes de grandes montadoras, como Stellantis, BYD, Volkswagen, Toyota e Scania, entre outros representantes do setor automotivo e de bioenergia.

O encontro marca mais um passo significativo na busca por soluções inovadoras e sustentáveis para o transporte no Brasil, evidenciando o compromisso do governo e do setor privado com a redução das emissões de carbono e o desenvolvimento de uma economia mais verde e resiliente.

Chuva de investimentos automotivos

O Planalto aproveito uma circunstância bastante favorável para colocar o debate no centro da agenda. A indústria automotiva brasileira está prestes a passar por uma transformação significativa, com a chegada iminente de uma série de investimentos robustos anunciados pelas principais fabricantes do mundo. Os anúncios recentes têm como foco principal o desenvolvimento de modelos híbridos, em um esforço conjunto para impulsionar a economia e reduzir as emissões de carbono no maior país da América Latina.

Na última semana, dois anúncios praticamente simultâneos marcaram o cenário automotivo brasileiro. O grupo Stellantis prometeu um investimento histórico de cerca de R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030, sendo que a maior parte desse montante será destinada ao Brasil. Simultaneamente, a Toyota anunciou um investimento de aproximadamente R$ 11 bilhões no país até 2030, com foco especial em veículos híbridos.

Além desses, outros grandes fabricantes como Volkswagen, Renault, Nissan, General Motors, BYD e Hyundai já haviam anunciado previamente investimentos maciços no Brasil. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o país está prestes a receber cerca de R$ 117 bilhões em investimentos para o setor nos próximos anos.

Esses investimentos recordes são resultado, em grande parte, de medidas governamentais que visam promover a produção local de veículos com motores menos poluentes. Iniciativas como a elevação gradual do imposto de importação para tecnologias mais limpas e o estabelecimento do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que oferece incentivos fiscais para a descarbonização, têm proporcionado mais previsibilidade ao setor.

Os veículos híbridos representam um modelo de transição essencial para o Brasil, que ainda enfrenta desafios relacionados ao alto custo das baterias dos veículos elétricos e à infraestrutura de recarga. Dessa forma, o país tem optado por apoiar a produção local de veículos híbridos adaptados ao etanol, aproveitando o potencial do biocombustível brasileiro.

Apesar dos avanços, alguns especialistas destacam a importância de investimentos paralelos em transporte público como uma alternativa viável para reduzir as emissões de carbono de forma mais ampla. Contudo, os esforços da indústria automotiva em direção à sustentabilidade são um passo significativo na direção certa, representando não apenas um impulso econômico, mas também um compromisso com o meio ambiente e o futuro do planeta.

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