Fome em Gaza beira catástrofe, mas Israel não quer cobrança por ajuda

Governo de Israel pede que Corte Internacional de Justiça pare de emitir ordens para a entrada de ajuda humanitária em Gaza; relatório IPC indica que fome pode atingir 1,1 milhão

Foto: Unicef/Abed Zagout

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia (Holanda), já estabeleceu que Israel faça o que for necessário para impedir o genocídio em Gaza. Entre as medidas seria necessário permitir a entrada de assistência humanitária e reestabelecimento de serviços básicos, principalmente porque a população está sem acesso a alimentos.

No entanto, em um documento apresentado no tribunal na segunda-feira (18), Israel pediu para a corte não emitir mais ordens de emergência para a entrada de ajuda humanitária. O documento com a manifestação absurda ainda coloca que a África do Sul, que entrou com o pedido para Israel ser julgado por genocídio, faz pedidos infundados, sendo “moralmente repugnantes e representam um abuso tanto da Convenção sobre Genocídio”.

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Israel ainda negou causar sofrimento humanitário em Gaza e disse que mantém somente o interesse de aniquilar o Hamas. Porém as maiores vítimas de seus ataques tem sido a população civil.

Fome catastrófica

De acordo com o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, com base no relatório IPC (em português Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada), a fome pode chegar a 1,1 milhão de pessoas em Gaza entre a segunda quinzena de março e a primeira quinzena de julho. O número se refere a metade da população.

O relatório, publicado na segunda-feira (18), ainda mostra que a desnutrição aguda entre crianças de 6 meses a 23 meses cresceu nos últimos meses de janeiro e fevereiro, passando de 16,2% para 29,2%.

De acordo com o chefe da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, ele foi impedido de entrar em Gaza. Após o episódio utilizou as redes sociais para denunciar o número de vítimas da fome, que dobrou em três meses e agora atinge principalmente as crianças palestinas, que estão morrendo de desidratação e fome.

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O quadro IPC define 5 fases de classificação: (1) segurança alimentar, 2 (estresse), 3 (crise), 4 (emergência) e 5 (catástrofe). Neste último grau as pessoas enfrentam extrema falta de alimentos e correm risco de padecer pela desnutrição.

Conforme a definição, a população como um todo, de 2,2 milhões, encontra-se no mínimo na fase 3 de crise, podendo alcançar a situação de catástrofe com a metade do total de habitantes até julho.