Milhares vão às ruas após Milei negar mortos da ditadura argentina

O Dia da Memória pela Verdade e Justiça é celebrado todo ano no dia 24 de março, um marco da luta pelos direitos humanos diante dos crimes da ditadura militar (1976-83)

Foto: Reprodução

Milhares de manifestantes marcharam, neste domingo (24), até a praça de Maio, em Buenos Aires, no Dia da Memória pela Verdade e Justiça, marco da luta pelos direitos humanos diante dos crimes da ditadura militar (1976-83). Considerado um dos atos “mais numerosos” desde o retorno à democracia, a manifestação ocorreu após o presidente da Argentina, Javier Milei (Liberdade Avança) negar os 30 mil mortos e desaparecidos durante o regime.

No domingo, a organizações de direitos humanos, sindicatos, movimentos populares e partidos de esquerda foram às ruas na Argentina na marcha para homenagear as vítimas da última ditadura no país (1976-1983), instaurada há 48 anos por meio de um golpe civil e militar

De acordo com os cálculos das organizações, mais de 400 mil pessoas atravessaram a avenida de Maio, com cartazes escritos: “São 30 mil e estão presentes”, “Lute como uma avó”, “Memória sempre”, “Nem Milei nem ninguém vai apagar o que somos”, “Memória e futuro” e “Não a Junta Militar”.

A presidente da associação Avós da Plaza de Mayo, Estela de Carlotto, foi a primeira a falar no principal evento do dia. “Hoje é um dia histórico, com mobilizações massivas, e é uma demonstração de que o povo está enfrentando esse governo neofascista. Precisamos fortalecer a unidade e a organização para defender a democracia”, disse ela, diante de milhares de pessoas.

“Nossos parentes e companheiros estavam lutando por uma sociedade mais justa, igualitária, solidária e soberana. É por isso que eles foram levados. Nós, organizações de direitos humanos, levantamos as mesmas bandeiras no auge do genocídio, quando saímos para enfrentar a ditadura mais sangrenta. E fazemos isso hoje, porque o governo de Milei está vindo para tudo: para nossos direitos, para nossa soberania e para nossa liberdade”, continuou Estela.

O governo de extrema-direita da Argentina, liderado pelo presidente Javier Milei (Liberdade Avança), negou os 30 mil mortos e desaparecidos no período da ditadura militar. Em um vídeo publicado pelo perfil oficial da Casa Rosada, o governo sugere que as Mães da Praça de Maio inventaram a quantidade de vítimas.

“Por uma memória completa para que haja verdade e justiça”, publicou o anarcocapitalista em sua conta no X, após compartilhar um vídeo, de aproximadamente 12 minutos, em que é rejeitada a cifra de 30 mil vítimas.

O revisionismo histórico do ultraliberal bota em risco o legado de luta dos movimentos sociais e da Justiça, que condenou mais de mil pessoas desde o fim do regime, inclusive generais e outros militares de alta patente.

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