ONU denuncia abusos sexuais e tortura de Israel contra refens palestinos

O braço das Nações Unidas para assistência aos refugiados palestinos lançou um relatório alarmante que expõe os maus-tratos infligidos pelo exército israelense contra reféns de guerra

Homens palestinos presos e despidos pelas forças israelenses em pleno inverno de Gaza antes de serem levados para um local não revelado (Screengrab/X)

Na última terça-feira (16), a UNRWA, o braço das Nações Unidas para assistência aos refugiados palestinos, lançou um relatório alarmante que expõe os maus-tratos infligidos pelo exército israelense contra reféns de guerra. Apesar das alegações de Israel de que prende apenas membros do Hamas, o relatório detalha casos em que crianças e idosos foram capturados durante as últimas ofensivas.

Intitulado “Detenção e Alegados Maus-Tratos de Detidos de Gaza durante a Guerra Israel-Hamas”, o relatório foi elaborado com base em depoimentos de vítimas que preferiram permanecer anônimas. O documento revela casos de tortura física, privação de alimentos, água e sono, além de violência sexual extrema. Segundo as denúncias, os detidos foram mantidos em condições desumanas, incluindo jaulas improvisadas, enquanto eram submetidos a interrogatórios brutais.

Durante a captura, os reféns foram levados para prisões do sistema israelense, onde enfrentaram condições desumanas. Eles foram privados de água, comida e até mesmo do direito de utilizar o banheiro. Interrogatórios violentos, agressões com barras de ferro e mordidas de cachorro foram relatados como parte do tratamento infligido aos prisioneiros.

Além da tortura física, o relatório destaca as condições deploráveis de alojamento. Os reféns eram forçados a dormir por apenas cinco horas, muitas vezes sob a exposição ao frio de inverno, com ventiladores que diminuíam ainda mais a temperatura do ambiente.

Um homem de 46 anos, que preferiu não se identificar, compartilhou sua experiência: “Vi pessoas com 70 anos, muito velhas… pessoas com deficiência que não conseguiam andar, pessoas com epilepsia… e a tortura era para todos. Mesmo para pessoas que não sabiam seus próprios nomes.”

Seu testemunho revela a amplitude da crueldade infligida aos detidos, sem distinção. Outro homem, de 41 anos, relatou ter sido violentado sexualmente com uma barra de metal quente e espancado com sapatos.

Em abril, mais de 1.500 reféns palestinos foram libertados pelas Forças de Defesa de Israel (FDI). Entre eles estavam 43 crianças, 84 mulheres e 16 familiares de funcionários da UNRWA. No entanto, o relatório revela que muitos desses reféns foram vítimas de agressões sexuais, obrigados a se despir na frente dos soldados, que os fotografaram nus.

Uma mulher palestina de 34 anos descreveu o abuso: “Pediram aos soldados que cuspissem em mim… um soldado masculino tirou nossos hijabs e eles nos beliscaram e tocaram nossos corpos, incluindo nossos seios.”

As consequências desses atos brutais foram devastadoras, deixando muitos reféns doentes ou feridos. A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino foi acionada para transportar os enfermos para hospitais locais.

As alegações foram contestadas com veemência por Israel, que acusou os prisioneiros libertados de mentir e insinuou que membros da UNRWA, a agência da ONU que apoia os refugiados palestinos, são cúmplices do Hamas.

Apesar das denúncias contundentes, as autoridades israelenses negaram as acusações de tortura, afirmando que tais práticas “violam os valores das FDI”. A UNRWA protestou contra as autoridades de Israel, mas até o momento não recebeu resposta oficial do país.

Israel refutou as acusações, afirmando que age de acordo com a lei israelense e internacional para proteger os detidos sob sua custódia. No entanto, o relatório da ONU lança sérias dúvidas sobre essas alegações, destacando uma investigação urgente e imparcial como necessária para responsabilizar os responsáveis pelos abusos.

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