Todos os bairros de São Paulo enfrentam epidemia alarmante de dengue

A gestão municipal divulgou 105 mortes por dengue neste ano na cidade. A periferia extrema é a mais atingida com 10.598 casos só na Vila Jaguara, na Zona Oeste

São Paulo (SP), 04/04/2024 - Primeiro dia de vacinação contra dengue em crianças de 10 a 14 anos na Unidade Básica de Saúde - UBS Vila Jaguara, na região oeste. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A situação da dengue na cidade de São Paulo atingiu um novo patamar preocupante, com todos os 96 bairros do município enfrentando uma epidemia da doença, de acordo com o boletim divulgado semanalmente pela prefeitura nesta segunda-feira (29).

Os dados revelam uma escalada rápida da situação, visto que no início de fevereiro apenas seis bairros estavam em estado epidêmico, e na semana passada esse número havia aumentado para 94, deixando somente dois fora da situação de alerta.

Para ser considerado em estado de epidemia, o número de casos confirmados por 100 mil habitantes deve ultrapassar os 300, um limiar que agora é uma realidade em todos os distritos administrativos da cidade.

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O maior índice de casos foi registrado na Vila Jaguara, na Zona Oeste, com 10.598 casos a cada 100 mil pessoas, destacando a gravidade da situação em algumas áreas da cidade. Em seguida estão São Miguel Paulista, na zona leste (7.039,2 por 100 mil habitantes), São Domingos, na zona norte (4.569,6 por 100 mil habitantes), e Itaquera, na zona leste (4.561,4 por 100 mil habitantes).

Pelo mapa ao lado, é possível observar taxas mais altas na periferia mais extrema da cidade. As áreas menos atingidas estão nas áreas centrais, também mais servidas de infraestrutura urbana.

A gestão municipal também divulgou que, até o momento, 105 pessoas morreram de dengue neste ano na cidade de São Paulo. Apesar disso, a campanha de vacinação não será ampliada para outras faixas etárias, pois as doses disponíveis estão sendo priorizadas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, devido à proximidade do vencimento das vacinas.

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O prefeito de São Paulo expressou otimismo, indicando que a tendência é de melhoria nas próximas semanas por, supostamente, a cidade ter atingido um pico de casos. A prefeitura anunciou um aumento significativo no número de agentes nas ruas, passando de dois mil para 12 mil. Desde o início do ano, mais de 5,3 milhões de ações de combate ao Aedes aegypti foram realizadas na cidade, abrangendo diversas frentes, como visitas casa a casa, vistorias a imóveis, bloqueios de criadouros e nebulizações.

No âmbito estadual, a situação também é alarmante, com São Paulo registrando 465 óbitos causados pela dengue neste ano, além de investigar outras 710 mortes. Mais de 800 mil casos da doença já foram confirmados no estado, com 950 considerados graves.

A nível nacional, o Brasil enfrenta uma crise sem precedentes, tendo batido o recorde histórico de mortes por dengue em 2024, com 1.116 óbitos nas primeiras treze semanas deste ano. A situação é preocupante, apesar do governo afirmar que a maioria dos estados brasileiros já superou o pico de casos, com 11 unidades da federação decretando emergência devido à dengue.

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