Carla Zambelli e Walter Delgatti se tornam réus no STF

Primeira Turma do tribunal acolheu denúncia da PGR que denunciou a dupla por invasão e adulteração de documentos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

A deputada federal Carla Zambelli e o hacker Walter Delgatti | Foto: Reprodução/Twitter

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou por unanimidade, na terça-feira (21), a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a deputada federal Carla Zambelli (PL) e Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker de Araraquara. Eles são acusados de invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e adulterarem documentos.

A partir de agora os réus irão responder pelos crimes de falsidade ideológica e invasão a sistemas da Justiça. Conforme a denúncia, Delgatti invadiu o sistema do CNJ a mando de Zambelli. Entre o segundo semestre de 2022 e janeiro de 2023, a deputada procurou atrapalhar a atuação do judiciário e obter vantagens pessoais com a a invasão “ao adulterar dados de documentos como certidões, mandados de prisão, alvarás de soltura e quebras de sigilo bancários”, aponta o STF.

Em depoimentos à Polícia Federal, o hacker confessou os crimes. Posteriormente ainda colocou Zambelli como líder do golpe bolsonarista ao afirmar que deputada lhe pediu para tentar fraudar as urnas eletrônicas.

A deputada ainda divulgou em suas redes sociais que Delgatti seria responsável por invadir dados de 200 autoridades – o que é considerado uma confissão de seu envolvimento.

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O ministro Alexandre de Moraes é o relator do processo e em seu voto pelo recebimento da denúncia observou que os crimes narrados apresentam indícios de autoria e comprovação de ocorrência. Acompanharam seu voto os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

‘Desinteligência natural’ de Zambelli

Ao comentar o caso, a ministra Cármen Lúcia fez referência a uma das alterações feitas no sistema no CNJ por Delgatti e Zambelli. Nela a dupla adicionou um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. No entanto, o pedido de prisão era determinado pelo próprio ministro.

“A possibilidade de vossa excelência ter inclusive determinado a própria prisão, eu começo a não me preocupar mais só com a inteligência artificial, mas com a desinteligência natural de alguns que atuam criminosamente, além de tudo, sem qualquer tracinho de inteligência”, colocou Cármen Lúcia.

A intervenção foi seguida por uma crítica ainda mais acentuada de Moraes: “Vossa excelência, sempre muito educada, disse desinteligência natural. Mas eu chamaria de burrice, mesmo, natural. E achando que isso não fosse ser descoberto”, completou Moraes.