PGR denuncia Zambelli e Delgatti por falsificação e invasão ao sistema do CNJ

Procuradoria acusa dupla de forjar documentos oficiais contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, num esquema que questiona a integridade do sistema judicial

A deputada federal Carla Zambelli e o hacker Walter Delgatti | Foto: Reprodução/Twitter

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou uma denúncia nesta terça-feira (23) ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusando a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti de invadirem o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O objetivo da dupla seria emitir mandados de soltura e prisão falsos, utilizando a assinatura forjada do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Dentre os alvarás de soltura incluídos no sistema de Justiça pelo hacker, está o de Sandro Silva Rabelo, conhecido como Sandro Louco, preso em Mato Grosso onde cumpre mais de 200 anos de prisão por conta de 15 condenações e é tido pela polícia local como um dos líderes da facção Comando Vermelho. A informações foi revelada pelo G1 nesta quarta-feira (24).

Segundo a PGR, Zambelli foi a mente por trás da invasão, recrutando Delgatti para executar o crime. “Zambelli comandou a invasão a sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário, mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com aptidão técnica e meios necessários ao cumprimento de tal mister, com o fim de adulterar informações, sem autorização expressa ou tácita de quem de direito”, diz o texto da denúncia.

Processados por falsidade ideólogica e invasão

Ainda no documento, Gonet solicita que Zambelli e Delgatti sejam processados por falsidade ideológica e invasão a dispositivo informático. Além disso, a PGR também diz que a deputada realizou pagamentos ao hacker através de uma empresa que prestou serviços para o PL durante as eleições.

“Está demonstrada a materialidade dos fatos bem como, e fartamente, a sua autoria pela senhora Carla Zambelli e pelo senhor Walter Delgatti. Mediante colaboração recíproca, promoveram a invasão a dispositivos informáticos e a emissão de documentos ideologicamente falsos, com o fim de prejudicar a credibilidade e o regular funcionamento do Poder Judiciário”, afirmou o procurador.

A denúncia foi enviada a Moraes, relator do caso, que decidirá se aceita ou não a acusação contra Zambelli e o hacker, tornando-os réus no processo. A data do julgamento ainda não foi marcada.

Em nota, a defesa de Carla Zambelli diz ter recebido a denúncia com “surpresa” e alegou falta de evidências de que a deputada tenha colaborado ou instigado o crime.

Por outro lado, a defesa de Walter Delgatti informou que ele é réu confesso na invasão do CNJ e “portanto não é surpresa a denúncia em seu desfavor. Com relação a denúncia perpetrada a Carla Zambelli, só confirma que Walter falou a verdade”.

Situação de Zambelli “só piora”

Em meio à turbulência judicial, aliados sugeriram que Zambelli renunciasse ao mandato parlamentar, esperando que os casos no STF fossem remetidos para instâncias inferiores, uma manobra para tentar preservar seus direitos políticos para futuras eleições.

Contudo, essa estratégia falhou quando o STF retomou a discussão sobre o alcance do foro privilegiado, especialmente após uma proposta do ministro Gilmar Mendes que defende a manutenção do foro para crimes cometidos no exercício da função, mesmo após a saída do cargo. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro André Mendonça e ainda não tem data para ser retomado.

Investigadores acreditam que a situação de Zambelli perante a Justiça está se complicando cada vez mais, especialmente com as recentes decisões e discussões no âmbito do Supremo.

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com informações de agências

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