Haddad encontra Papa Francisco para apoio à taxação de grandes fortunas

Ministro da Fazenda tem visita oficial agendada no Vaticano. Proposta do G20 que será apresentada visa arrecadar US$ 500 bilhões anuais para combater pobreza e mudanças climáticas

Foto: Diogo Zacarias/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está em Roma para uma visita oficial ao Papa Francisco. O ministro irá encontrar com o sumo pontífice no Vaticano para tratar sobre a proposta de taxação de grandes fortunas com a finalidade de obter financiamento para projetos relacionados ao combate à fome e mudanças climáticas, com especial atenção para a tragédia do Rio Grande do Sul.

O debate se insere no âmbito do G20 (grupo das 19 maiores economias do planeta com União Europeia e União Africana) pelo qual o Brasil está na presidência este ano. O apoio do Papa ao projeto de taxação dos super-ricos tem grande peso no convencimento das nações que ainda não aderiram ao tema sobre a importância desses recursos para uma governança global.

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De forma genérica, a trilha financeira do G20 capitaneada por Haddad enxerga que uma taxação anual de 2% sobre a riqueza de multimilionários é capaz de reduzir desigualdades mundiais.

A proposta que será apresentada ao Papa é trabalhada a partir dos cálculos do economista francês Gabriel Zucman. Ele estima que uma taxação de 2% sobre 3 mil bilionários mundiais poderia gerar mais de US$ 250 bilhões. A este valor seria somado impostos de grandes corporações com alíquotas de até 15%, completando um valor de US$ 500 bilhões utilizados para os projetos de enfrentamento da crise climática, erradicação da fome, entre outros.

O valor é defendido por Esther Duflo, ganhadora do Nobel de Economia em 2021, que trabalha o tema com a equipe de Haddad e Zucman no G20. Para ela, os US$ 500 bilhões por ano são uma “dívida moral” dos países ricos perante os cidadãos pobres.

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De acordo com o Ministério da Fazenda, “o Brasil, sob a presidência do G20, tem defendido a implementação de políticas fiscais mais justas, que garantam uma distribuição equitativa da riqueza. Este tema será discutido durante a audiência com o Papa Francisco, que tem sido um defensor vocal da justiça social e da responsabilidade econômica.”

Para completar a agenda, o ministro terá uma reunião bilateral com o ministro das Finanças da Espanha, Carlos Cuerpo. Na pauta consta: “oportunidades de cooperação em áreas de interesse mútuo”, conforme o Ministério. O retorno de Haddad ao Brasil é previsto para quarta-feira (5).