Campanha de filiação reforça papel da juventude para o PCdoB

Gustavo Petta, secretário nacional de Juventude do PCdoB, diz que atrair jovens para o Partido é garantir “revigoramento com renovação”

O PCdoB lança na próxima segunda-feira (31), a sete meses de seu 16º Congresso Nacional, uma campanha de filiação com foco inédito na juventude. Segundo o (Tribunal Superior Eleitoral), dos quase 400 mil filiados hoje ao PCdoB, 3,3% têm de 16 a 29 anos.

O índice está acima da média do conjunto dos partidos – mas aquém do potencial do PCdoB, que mantém, há mais de 40 anos, a hegemonia do movimento estudantil. Desde a década de 1980, lideranças comunistas exercem a presidência da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos).

“Sem dúvida, esse número (3,3%) não reflete a força que nós temos”, afirma Gustavo Petta, secretário de Juventude do PCdoB. Assim, com o lema “O Futuro Tem Partido – Vem pro PCdoB”, a campanha tem como prioridade filiar jovens que já estejam envolvidos com o trabalho de entidades como a UJS (União da Juventude Socialista) e a JPL (Juventude Pátria Livre).

Segundo o dirigente, pela afinidade “nas lutas e nas pautas”, a juventude militante “já conhece e está mais próxima do PCdoB. O desafio é fazer com que esses compreendam a necessidade de se filiar a um partido como o nosso, para uma transformação mais profunda e mais radical da sociedade”.

Revigoramento com renovação

“Vamos mostrar a perspectiva de futuro que desejamos para a humanidade”, acrescenta Gustavo. “É um futuro com prosperidade, alegrias, direitos e dignidade, com a conquista do socialismo. No Brasil, esse futuro passa pelo fortalecimento do PCdoB.”

Em sua opinião, a campanha reforça a tarefa do revigoramento partidário, lançada em 2023. “O que propomos é um revigoramento com renovação”, resume Gustavo, que foi presidente de UNE por duas gestões e é vereador em Campinas (SP).

A eleição municipal de 2024 foi um teste positivo nesse sentido. O PCdoB teve jovens vereadores eleitos em diversas cidades grandes, como Guilherme Bianco, em Araraquara (SP), Erick Dênil e Giovani Culau, em Porto Alegre (RS), Giovana Mondardo, em Criciúma (SC), Andressa Marques, em Caxias (RS) e Lívia Macedo, em Pouso Alegre (MG).

“Parte do eleitorado progressista busca nas candidaturas mais jovens uma alternativa eleitoral. Os nomes apresentados pelo PCdoB demonstraram mostraram muita força para traduzir nossa linha política na realidade local”, analisa Gustavo. “A eleição reforçou a necessidade de lançarmos mais candidaturas jovens.”

Governo Lula

O dirigente comunista lembra que a presença do PCdoB na juventude em geral é histórica, com impactos que vão além do movimento estudantil. “Da resistência à ditadura à redemocratização e ao fora-Collor, da eleição de cinco governos democráticos à frente ampla contra o neofascismo, os jovens sob a influência do PCdoB sempre tiveram protagonismo e alcançaram muitas conquistas. O PCdoB precisa colher os frutos desse êxito.”

Por isso, a campanha não será restrita ao movimento estudantil. “Vamos filiar também jovens que estão no mundo do trabalho ou que atuam no movimento feminista e no movimento antirracista, bem como em outras frentes”, diz Gustavo.

Onde quer que atue, o PCdoB se beneficia da atuação de sua juventude organizada. “Temos tido sucesso na filiação de quadros e lideranças estudantis. Boa parte dos dirigentes partidários e de nossos parlamentares é oriunda desse trabalho”, afirma.

O PCdoB integra a base de apoio ao governo Lula e está à frente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Para Gustavo, o Partido vem demonstrando uma “linha política correta”, no sentido de fazer a “disputa sobre os rumos do governo, para efetivar o programa pelo qual Lula foi eleito”, com críticas à política macroeconômica. “Mas a batalha central continua a ser isolar e derrotar a extrema direita.”

O Congresso do PCdoB

Tendo sido o primeiro e único presidente da UNE a ser reeleito, Gustavo diz que a realidade dos jovens de hoje não é similar à dos jovens de seu período de militância estudantil. “Além de ter novas aspirações, a juventude vive sob outros paradigmas tecnológicos – veja o papel das big techs – e enfrenta desafios enormes. A boa notícia é que a UJS e a JPL estão bem conectadas a essa realidade”.

Outra mudança significativa foi a expansão do ensino a distância (EAD). Dos 9,9 milhões de estudantes matriculados no ensino superior em 2024, 4,9 milhões estavam nessa modalidade. “Quase a totalidade desses cursos foi aberta com a perspectiva de precarizar o ensino de qualidade. Seus donos não estão preocupados em democratizar o conhecimento – mas, sim, em aumentar os lucros, oferecendo quase sempre uma educação de péssima qualidade.”

De acordo com Gustavo, a UNE, como entidade unitária, tem “o desafio de representar também esses estudantes”, ainda que o acesso a eles seja mais difícil. “Muitos DCEs (Diretórios Centrais dos Estudantes) já tentam inovar, com plenárias online e eleições virtuais. Mesmo com as adversidades, é preciso insistir nessa aproximação.”

Para 2025, Petta destaca como bandeiras de lutas a taxação das grandes fortunas e o fim da escala 6×1. “Em unidade com os movimentos sociais, vamos realizar um plebiscito nacional e pressionar tanto o governo quanto o Congresso para acabar com essa escala e reduzir a jornada de trabalho.”

Já entre as atividades mais importantes do ano, o secretário destaca o 60º Congresso da UNE, em junho, e o 16º Congresso Nacional do PCdoB, em outubro. “A juventude está comprometida com as atribuições do Congresso do PCdoB – analisar a conjuntura, atualizar a nossa tática e debater as questões relacionadas ao Partido”, diz Gustavo. “Vamos qualificar a participação da juventude em todas as etapas – das assembleias de base à tribuna de debates. É o momento mais importante da democracia do nosso partido.”

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